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ENERGIA
Impasse no preço do gás pode dificultar siderúrgica no Ceará
KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA
Um entrave entre a Petrobras e o governo do Ceará pode dificultar a instalação de
uma usina siderúrgica no Estado, obra usada na campanha eleitoral do presidente
Lula como um dos maiores
investimentos do país em
seu próximo mandato.
A Petrobras quer rever o
contrato já firmado, em que
garantia o fornecimento de
gás natural ao empreendimento, e alega que faz isso
porque o governo do Estado
não cumpriu contrapartidas
previamente estipuladas.
A crise da produção de gás
na Bolívia também pode ser
um dos empecilhos, pois, para a estatal, com as mudanças nas condições de exploração de gás no país vizinho,
os preços já acertados para
abastecer a Usina Siderúrgica do Ceará -que seriam
subsidiados em parte também pelo governo estadual-
não poderiam ser mantidos.
Em uma nota à imprensa,
a Petrobras fala em um "radical agravamento" no cenário
de mercado e do preço de
energia, ao explicar a necessidade de renegociar os valores. Quando foi definido um
protocolo de intenções para
a construção da usina, em
1996, o preço do gás natural
estava em torno de US$ 3 por
milhão de BTU (unidade térmica britânica), segundo a
estatal. Hoje, o Brasil negocia com a Bolívia para manter o preço em US$ 4.
Sem a garantia do fornecimento do gás pela Petrobras
com os preços já firmados, a
viabilidade econômica da
usina fica comprometida,
para o governo cearense.
A maior parte dos US$ 760
milhões do investimento será privada. A construção será
em parceria com a Vale do
Rio Doce, a italiana Danielli
Steel e a sul-coreana Dongkuk Steel. O BNDES deve entrar com US$ 155 milhões.
Em entrevista ontem, integrantes do governo do Ceará negaram que não tenham
sido dadas as contrapartidas
e disseram estranhar a posição da Petrobras.
O governador eleito, Cid
Gomes (PSB), está em Brasília desde anteontem para
conversar com integrantes
do governo para intermediar
as negociações com a estatal.
O início do funcionamento
da usina representaria um
salto na economia do Estado,
com um impacto previsto de
até 4,37% no PIB per capita
cearense, só com a exportação de placas de aço.
O início da produção está
planejado para 2009. Apesar
do impasse com a Petrobras,
as obras continuam.
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