São Paulo, quinta-feira, 23 de novembro de 2006

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ENERGIA

Impasse no preço do gás pode dificultar siderúrgica no Ceará

KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA

Um entrave entre a Petrobras e o governo do Ceará pode dificultar a instalação de uma usina siderúrgica no Estado, obra usada na campanha eleitoral do presidente Lula como um dos maiores investimentos do país em seu próximo mandato.
A Petrobras quer rever o contrato já firmado, em que garantia o fornecimento de gás natural ao empreendimento, e alega que faz isso porque o governo do Estado não cumpriu contrapartidas previamente estipuladas.
A crise da produção de gás na Bolívia também pode ser um dos empecilhos, pois, para a estatal, com as mudanças nas condições de exploração de gás no país vizinho, os preços já acertados para abastecer a Usina Siderúrgica do Ceará -que seriam subsidiados em parte também pelo governo estadual- não poderiam ser mantidos.
Em uma nota à imprensa, a Petrobras fala em um "radical agravamento" no cenário de mercado e do preço de energia, ao explicar a necessidade de renegociar os valores. Quando foi definido um protocolo de intenções para a construção da usina, em 1996, o preço do gás natural estava em torno de US$ 3 por milhão de BTU (unidade térmica britânica), segundo a estatal. Hoje, o Brasil negocia com a Bolívia para manter o preço em US$ 4.
Sem a garantia do fornecimento do gás pela Petrobras com os preços já firmados, a viabilidade econômica da usina fica comprometida, para o governo cearense.
A maior parte dos US$ 760 milhões do investimento será privada. A construção será em parceria com a Vale do Rio Doce, a italiana Danielli Steel e a sul-coreana Dongkuk Steel. O BNDES deve entrar com US$ 155 milhões.
Em entrevista ontem, integrantes do governo do Ceará negaram que não tenham sido dadas as contrapartidas e disseram estranhar a posição da Petrobras.
O governador eleito, Cid Gomes (PSB), está em Brasília desde anteontem para conversar com integrantes do governo para intermediar as negociações com a estatal.
O início do funcionamento da usina representaria um salto na economia do Estado, com um impacto previsto de até 4,37% no PIB per capita cearense, só com a exportação de placas de aço.
O início da produção está planejado para 2009. Apesar do impasse com a Petrobras, as obras continuam.


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