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VINICIUS TORRES FREIRE
INSS: rombo menor, gasto maior
Déficit deve cair pela primeira vez em 12 anos, mas gasto federal com aposentados cresce e vai a 9,2% do PIB
DIREITA E esquerda, "desenvolvimentistas" e "ortodoxos", ou o nome que o diabo
carregue, podem festejar e desdenhar a Previdência em 2007. Haverá
alguma razão e desrazão em cada lado dessa pendenga cada vez mais radicalizada, no mau sentido. O déficit
deve cair, como proporção do PIB,
de 1,81% em 2006 para 1,73%, considerado um crescimento o de 4,7% da
economia em 2007 e a manutenção
do ritmo atual de aumento de despesa e receita previdenciárias. Mas deve cair. Subia desde 1996.
A despesa da Previdência, porém,
deve subir outra vez, de uns 7,1% para 7,25% do PIB. Somada ao gasto federal com aposentados e pensionistas, a despesa federal total com aposentadorias e pensões irá a 9,2% do
PIB. A receita vai aumentar bem
mais que a despesa, pois o PIB cresce mais, há mais gente empregada e
com emprego formal, um pouco menos de abuso nos benefícios. O déficit pode cair mais, pois tendem a se
esgotar as despesas extraordinárias
com decisões judiciais no INSS e pode haver mais "gestão". Como diz a
"esquerda" ou equivalentes, um
pouco de crescimento daria conta
de conter um déficit catastrófico.
E daí se o gasto aumenta, se o déficit cai? Como diz a "direita" ou equivalentes, comparado a países de renda assemelhada, o Brasil gasta acima
da média com aposentadorias e, de
resto, gasta cada vez mais e cobre o
déficit com aumentos de carga tributária. Para comparar dois anos
"bons" na economia, a despesa previdenciária em 2007 deve ser 1,7
ponto percentual do PIB maior que
em 2000. Isso é o dobro do que o governo federal despende por ano em
investimentos (afora estatais).
Investimentos públicos de orientação "social" (saneamento, habitação, por exemplo) empregam inempregáveis e também melhoram a arrecadação. Investimentos públicos
bem-feitos em infra-estrutura têm
também impacto no emprego e na
eficiência econômica.
A "esquerda" rebate. Diz que a
Previdência carrega também um
programa social e que a desigualdade brasileira é também excepcionalmente maior que a de países assemelhados (dois terços dos benefícios vão para quem ganha um salário
mínimo e teve uma vida horrível,
muitos sem ter como contribuir).
Diz mais, que parte da despesa volta
para os cofres públicos como imposto e que tal "retorno" fiscal não é levado em conta pela "direita". É verdade, mas a "esquerda", que costuma comparar o INSS com a terrível
despesa com juros (que ainda é
maior), costuma também esquecer
de computar impostos embutidos
no pagamento de juros aos detentores de dívida pública. Mas passemos.
Mais relevante é pensar na administração da bonança (estamos com
déficit ainda grande, em anos bons)
e no balanço das vantagens de dar
ainda mais aumentos reais de salário mínimo (que batem na conta
INSS) e/ou para os demais benefícios. Aumentar o investimento público bem-feito pode redundar em
mais vantagens sociais, mais emprego (e menos assistência), melhores
condições sanitárias e de moradia,
mais eficiência econômica e crescimento do PIB mais duradouro.
Falta combinar com o governo
Lula, que se aboleta no colchão da
bonança fiscal e não planeja gastos.
vinit@uol.com.br
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