|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
AGRICULTURA
Apesar da expansão na produção brasileira de grãos, volume de financiamento recuou 56,7% desde 78/79
Safra dobra e crédito seca em duas décadas
ALESSANDRA MILANEZ
CÍNTIA CARDOSO
DA REPORTAGEM LOCAL
A expansão da produção agrícola brasileira está na contramão
da concessão de financiamentos.
Enquanto o volume da safra de
grãos mais do que dobrou nas últimas duas décadas, a oferta de
crédito caiu 56,7% no período.
Em 1979, ano de liberação recorde de recursos, havia R$ 1.221
em crédito para cada tonelada
produzida. Hoje, essa proporção
despencou para apenas R$ 207.
Mas isso não significa que hoje
em dia não haja demanda por financiamento. Ao contrário. Especialistas afirmam que a procura
por linhas de crédito para a agricultura está em expansão, principalmente no caso da agricultura
familiar. Mas os bancos dão preferência aos grandes produtores.
Para Edilson Guimarães, da Secretaria de Política Agrícola do
Ministério da Agricultura, a situação em 1979 era muito diferente
da de hoje. "As contas públicas
eram descontroladas. Quase todo
o peso do crédito rural era do Tesouro", afirmou. Por essa razão,
com a atual austeridade orçamentária, é impossível retornar ao volume dos anos 70.
A CNA (Confederação Nacional
de Agricultura) confirma a queda
do financiamento. "Já tivemos
muito mais dinheiro", diz Luciano de Carvalho, assessor do departamento econômico da CNA.
Para ele, com a escassez de crédito, financiamentos não-oficiais
-como a troca de safra por insumos- acabam prevalecendo.
Dados preliminares do BC revelam que, entre 2001 e 2002, a oferta de crédito rural cresceu cerca
de 5%. Foram destinados ao agronegócio R$ 22 bilhões em 2001.
Embora não haja um cálculo
preciso de quanto seria necessário
alocar para atender à demanda
dos produtores, especialmente os
pequenos, especialistas dizem
que o crédito ainda é insuficiente.
Fernando de Melo, professor de
economia rural da USP, destaca
que uma das áreas mais necessitadas de crédito é o investimento:
"O setor agrícola é carente de
crédito. Sem o Moderfrota [linha
de crédito do governo para a renovação da frota agrícola", em janeiro, as vendas de tratores agrícolas no Brasil despencaram."
Comparando-se janeiro de 2003
com janeiro de 2002 (com o Moderfrota), as vendas de máquinas
agrícolas caíram 34,6%.
Texto Anterior: Campineiro lidera com ganho de 27% Próximo Texto: Famílias recebem só 19% do crédito agrícola Índice
|