UOL


São Paulo, segunda-feira, 24 de fevereiro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

AGRICULTURA

Apesar da expansão na produção brasileira de grãos, volume de financiamento recuou 56,7% desde 78/79

Safra dobra e crédito seca em duas décadas

ALESSANDRA MILANEZ
CÍNTIA CARDOSO
DA REPORTAGEM LOCAL

A expansão da produção agrícola brasileira está na contramão da concessão de financiamentos. Enquanto o volume da safra de grãos mais do que dobrou nas últimas duas décadas, a oferta de crédito caiu 56,7% no período.
Em 1979, ano de liberação recorde de recursos, havia R$ 1.221 em crédito para cada tonelada produzida. Hoje, essa proporção despencou para apenas R$ 207.
Mas isso não significa que hoje em dia não haja demanda por financiamento. Ao contrário. Especialistas afirmam que a procura por linhas de crédito para a agricultura está em expansão, principalmente no caso da agricultura familiar. Mas os bancos dão preferência aos grandes produtores.
Para Edilson Guimarães, da Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, a situação em 1979 era muito diferente da de hoje. "As contas públicas eram descontroladas. Quase todo o peso do crédito rural era do Tesouro", afirmou. Por essa razão, com a atual austeridade orçamentária, é impossível retornar ao volume dos anos 70.
A CNA (Confederação Nacional de Agricultura) confirma a queda do financiamento. "Já tivemos muito mais dinheiro", diz Luciano de Carvalho, assessor do departamento econômico da CNA. Para ele, com a escassez de crédito, financiamentos não-oficiais -como a troca de safra por insumos- acabam prevalecendo.
Dados preliminares do BC revelam que, entre 2001 e 2002, a oferta de crédito rural cresceu cerca de 5%. Foram destinados ao agronegócio R$ 22 bilhões em 2001.
Embora não haja um cálculo preciso de quanto seria necessário alocar para atender à demanda dos produtores, especialmente os pequenos, especialistas dizem que o crédito ainda é insuficiente. Fernando de Melo, professor de economia rural da USP, destaca que uma das áreas mais necessitadas de crédito é o investimento:
"O setor agrícola é carente de crédito. Sem o Moderfrota [linha de crédito do governo para a renovação da frota agrícola", em janeiro, as vendas de tratores agrícolas no Brasil despencaram." Comparando-se janeiro de 2003 com janeiro de 2002 (com o Moderfrota), as vendas de máquinas agrícolas caíram 34,6%.

Texto Anterior: Campineiro lidera com ganho de 27%
Próximo Texto: Famílias recebem só 19% do crédito agrícola
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.