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Queda da renda do consumidor afeta o setor
DA REDAÇÃO
O setor leiteiro já saiu da entressafra com sobra de leite. E
essa sobra não ocorre por causa de um forte aumento de produção, mas em razão de uma
queda no consumo provocada
pela perda de renda dos consumidores. A análise é de Maurício Palma Nogueira, diretor da
Scot Consultoria.
Essa situação se agravou ainda mais em dezembro, quando
a Parmalat deixou de pagar os
produtores, o que paralisou a
compra de leite no mercado.
Os preços caíram ainda mais
do que deveriam. Eduardo
Dessimoni, da Faemg, estima a
redução em ao menos 7% acima do que ocorreria normalmente neste período de safra.
Outro fator de baixa no setor
foi a demora para a liberação
de EGF (Empréstimo do Governo Federal). Os produtores
esperavam esse benefício no
início da safra, o que não ocorreu. A falta de recursos para a
armazenagem elevou o volume
de leite no mercado -o que
derrubou ainda mais os preços.
O efeito Parmalat é passageiro. Vem diminuindo e perderá
efeito na entressafra, diz Marcelo Costa Martins, da CNA. O
problema são as dívidas não-pagas aos produtores em um
período de preços baixos e custos elevados.
A baixa remuneração do setor faz alguns produtores se
desfazer das matrizes, inclusive
animais com potencial genético. Martins diz que o setor precisa de custeio para a manutenção e melhoramento genético
dos animais. Caso contrário,
vai comprometer o desenvolvimento da pecuária leiteira, que
é de ciclo longo.
As avaliações dos analistas do
setor são que neste ano haverá
crescimento na produção e recuperação de preços. Nogueira
diz, no entanto, que a base de
saída dos preços será menor do
que se previa. O setor deve sair
da safra a R$ 0,43 por litro, mas
esperava-se R$ 0,47. Ele prevê,
ainda, que os preços de 2004 fiquem próximo do R$ 0,54, não
muito distante do limite que
deixa de ser remunerador para
o produtor -R$ 0,50.
Maria Helena Fagundes, da
Conab, afirma que, tomando
como base os parâmetros dos
preços importados, os produtores nacionais deveriam receber ao menos R$ 0,75 por litro.
Os maiores problemas de
preços para os produtores são
as diferenças de safra e entressafra. Na média de 1997 a 2003,
os laticínios adquiriram 14%
mais leite na safra, mas pagaram 11% a menos. Essa política
é danosa para o produtor e
nem sempre beneficia o consumidor, diz Fagundes.
Segundo a Fipe, do início de
janeiro de 2000 ao final de 2003,
o segmento leite teve alta de
46%, com destaque para os tipos B (64%) e A (62%). No
mesmo período, a inflação foi
de 33%.
O Brasil ainda é dependente
da importação de leite, mas as
compras devem cair neste ano
porque há uma elevação mundial nos preços.
(MZ)
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