|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Procurador do Cade aprova AmBev, com restrições
ISABEL VERSIANI
da Sucursal de Brasília
Parecer assinado pelo procurador-geral do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), Amauri Serralvo, sobre o caso
AmBev recomendou a aprovação
da fusão da Brahma com a Antarctica, com a imposição de restrições.
Ofício preparado pela secretaria
de Política Industrial do Ministério do Desenvolvimento determinou que a fusão pode ser considerada "de motivo preponderante
da economia nacional e do bem
comum".
Em seu despacho, Serralvo recomendou que o Cade tome as
medidas necessárias para neutralizar os efeitos anticoncorrenciais
que a operação AmBev possa
apresentar, mas frisou que não há
razões que justifiquem a desconstituição da fusão.
Ele não especificou que tipo de
restrições devem ser estabelecidas.
O parecer da procuradoria serve como subsídio jurídico para o
julgamento do caso pelo plenário
no próximo dia 29, mas não determina o entendimento que o
Cade deve ter sobre o processo.
Parecer
Parecer técnico de 177 páginas
preparado por uma equipe de seis
procuradores do Cade havia recomendado a desconstituição da fusão entre Brahma e Antarctica.
Serralvo, responsável pela versão final do parecer que é levado a
plenário, alterou, no entanto, a
conclusão do documento.
Em duas páginas, o procurador-geral argumentou que o aumento de concentração em um
mercado não seria razão suficiente para a desconstituição de uma
transação.
Ganho de eficiência
Serralvo também ponderou que
os ganhos de eficiência resultantes da fusão da Brahma com a Antarctica (R$ 550 milhões por ano
segundo a AmBev e R$ 300 milhões segundo a Secretaria de Direito Econômico) são "significativos".
Para Serralvo, não haveria, ainda, nos autos do processo AmBev, estimativas do dano que a
fusão poderá causar ao mercado
de bebidas.
Em entrevista à imprensa, Serralvo afirmou que teria ficado
"arrepiado" ao tomar conhecimento de que o parecer preparado por sua equipe estaria recomendando a desconstituição da
AmBev.
"Já fui desempregado"
"Longo pensei no desemprego
que essa decisão poderia provocar. Eu já fui desempregado também, fiquei pensando no sofrimento das famílias", disse.
Ele não especificou as razões
técnicas que o levaram a dar ao
parecer uma conclusão oposta
àquela preparada por sua equipe
de apoio.
Outros dois pareceres preparado pelas secretarias de Direito
Econômico e de Acompanhamento Econômico sobre o caso
AmBev não levaram em consideração a questão do desemprego.
As duas secretarias recomendaram que a fusão só deveria ser
aprovada se a AmBev vendesse
uma das suas três principais marcas: Brahma, Antarctica ou Skol.
Segundo Serralvo, uma decisão
desse tipo não seria, a princípio,
contraditória com o parecer
apresentado por ele.
Ele indicou, no entanto, que
pessoalmente defenderia restrições menos radicais para o caso
como, por exemplo, a venda de
marcas com menor participação
no mercado, como a Bavaria.
Interesses nacional
A posição da secretaria de Política Industrial sobre o caso AmBev consta do relatório da conselheira Hebe Romano, ao qual a
Folha teve acesso.
A secretaria não fez referências
diretas à AmBev, mas suas considerações foram feitas em resposta a uma consulta de Romano sobre o caso.
O voto da conselheira sobre o
caso AmBev só será conhecido na
quarta-feira que vem, quando o
caso será colocado em julgamento no plenário.
Texto Anterior: Kaiser quer provas de que não haverá danos Próximo Texto: Polícia Federal pede à Folha as fitas do caso Ambev Índice
|