São Paulo, sexta-feira, 24 de março de 2000


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PRIVATIZAÇÃO
Diretora da instituição diz que não há mais tempo hábil para vender o banco no dia 16 de maio
Banespa afirma que leilão será adiado

ANDRÉ SOLIANI
da Sucursal de Brasília

O leilão do Banespa, previsto para 16 de maio, será adiado, segundo a diretora de crédito da instituição, Sandra Tavares.
"Não há mais tempo hábil para realizar o leilão no dia 16 de maio. É uma conta simples. Não é possível cumprir o cronograma", disse Tavares, após encontro na Asbace (Associação Brasileira de Bancos Estaduais e Regionais), da qual participou o presidente do Banco Central, Armínio Fraga.
O leilão do Banespa foi suspenso, no mês passado, por uma liminar conseguida por um grupo de procuradores da República.
No dia 29 de fevereiro, o BC e a AGU (Advocacia Geral da União) ingressaram com um recurso para suspender a liminar. A decisão do TRF (Tribunal Regional Federal) era esperada esta semana. Anteontem, o presidente do TRF, juiz Plauto Ribeiro, declarou que precisa de mais tempo para analisar o tema.
Segundo Sandra, a direção do banco pretende realizar o leilão ainda este semestre, conforme estabelecido no acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional), caso a decisão da Justiça não demore muito. Se demorar, a venda poderá ser no segundo semestre.
O diretor de Finanças Públicas do Banco Central, Carlos Eduardo de Freitas, disse que adiar o leilão significa um prejuízo para as contas públicas. Segundo ele, o Banespa representa gastos superiores a R$ 4 bilhões por ano aos cofres públicos.

Sem previsões
Freitas não quis fazer previsões sobre quando será o leilão. "Vou esperar a decisão do TRF." O cronograma original está atrasado. O BC deveria ter divulgado em 29 de fevereiro o nome das instituições pré-qualificadas a participar do leilão, mas isso não aconteceu ainda.
O presidente do Banco Central, Armínio Fraga, que falou durante o encontro da Asbace, aproveitou a oportunidade para convocar os bancos estaduais que ainda não recorreram ao Proes (programa de reestruturação de bancos estaduais) a se engajarem no programa.
De acordo com ele, o prazo para participar do Proes será até o dia 31 de junho.
Poucos bancos estaduais não entraram no programa: o do Espírito Santo, de Brasília, do Rio Grande do Sul, do Pará e a Nossa Caixa, Nossa Banco (SP).
O presidente da Nossa Caixa, Geraldo Gardenali, garantiu que não pretende recorrer à ajuda do Banco Central.
Fraga também não poupou críticas à forma como os bancos estaduais eram geridos. Segundo ele, "os bancos (estaduais), infelizmente, por politizarem suas ações, utilizaram recursos públicos valiosos".
"Tenho a certeza que é difícil conduzir um banco sem politização, com politização é impossível", disse o presidente do BC, referindo-se aos problemas de saneamento dos bancos estaduais.
Na opinião de Gardenali, que também é presidente da Asbace, os bancos estaduais, muitos já privatizados ou reestruturados, já estão saneados.
"Vivemos uma nova realidade, e as próprias exigências do BC não permitem ingerências políticas", disse ele.
Fraga alertou que o BC está acompanhado de perto os bancos, inclusive os oficiais. Como exemplo, ele citou o Banco do Brasil .


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