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MERCADO DE TRABALHO
Taxa nas seis principais regiões do país foi de 8,2% em fevereiro, ou 1,4 milhão de pessoas
Desemprego volta a crescer, diz o IBGE
ISABEL CLEMENTE
da Sucursal do Rio
O desemprego voltou a subir
nas seis principais regiões metropolitanas do país em fevereiro e
chegou a 8,2% da força de trabalho, contra 7,6% em janeiro e
7,5% em fevereiro do ano passado, segundo dados divulgados
ontem pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Foi a mais alta taxa verificada
em fevereiro e a segunda maior da
série histórica do IBGE, iniciada
em 1983. A taxa do mês passado
só perde para maio de 1984, quando ficou em 8,28%, e empata com
a de maio de 1998.
A taxa só não é completamente
ruim porque houve aumento de
0,5% na ocupação (aumento no
número de postos de trabalho).
O aumento, no entanto, não
conseguiu conter a escalada do
desemprego, estimulada, desta
vez, pelo ingresso de mão-de-obra no mercado.
Segundo o IBGE, o número de
pessoas que se declararam em
busca de emprego cresceu 8,3%, o
suficiente para inchar a força de
trabalho -a PEA (População
Economicamente Ativa)- em
187 mil pessoas (1,1%), entre janeiro e fevereiro, e em 712 mil
(4,1%), na comparação com o
mesmo mês do ano passado.
A força de trabalho é formada
pelas pessoas ocupadas e pelas
que estão à procura de um emprego. Aposentados, estudantes, donas-de-casa e desempregados assumidos (que não estão atrás de
trabalho) compõem a chamada
não-PEA.
Esse contingente caiu 1,6% em
fevereiro em relação ao mesmo
mês do ano passado, o que não
acontecia desde novembro de
1996.
Para o IBGE, trata-se de um indício de que as pessoas que simplesmente não procuravam emprego porque julgavam o cenário
econômico muito ruim para serem bem-sucedidas na empreitada (o chamado desemprego por
desalento) estão mudando de
idéia.
Os candidatos a emprego sem
experiência eram 13,7% dos desempregados em fevereiro. O restante (87,7%) já tinha prática.
"Taxa não preocupa"
Apesar de alta, a taxa de desemprego de fevereiro não preocupa
porque, além de mostrar que a
"tímida recuperação da economia" está estimulando a procura
pelo emprego, também houve aumento na ocupação, disse a consultora do IBGE Shyrlene Ramos
de Souza.
"A taxa preocuparia muito se a
ocupação também estivesse em
queda", disse.
O ex-diretor do Banco Central
Carlos Thadeu de Freitas Gomes,
professor do Ibmec (Instituto
Brasileiro de Mercado de Capitais), concorda.
Ele chama a atenção para o fato
de o desemprego ser um dos indicadores que mais demoram a reagir à recuperação econômica.
"Essa taxa é ruim, mas reflete o
passado, e não o que está por vir,
porque a economia está se recuperando", afirmou o economista.
Um dado positivo também é a
queda no tempo de procura por
emprego. Segundo o IBGE, a média nacional passou de 22 semanas em janeiro para 19,6 semanas
em fevereiro.
Cerca de 1,4 milhão de pessoas
estavam desempregadas nas seis
regiões pesquisadas pelo IBGE
(São Paulo, Rio de Janeiro, Belo
Horizonte, Salvador, Recife e Porto Alegre).
Metade desse contingente de
desempregados está em São Paulo (705 mil).
A maior taxa foi, novamente, a
de Salvador (11,5%). Em seguida
vêm São Paulo e Belo Horizonte,
ambas com 8,9%, Recife (8,5%),
Porto Alegre (7,8%) e Rio de Janeiro (5,7%).
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