São Paulo, sexta-feira, 24 de março de 2000


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MERCADO DE TRABALHO
Taxa nas seis principais regiões do país foi de 8,2% em fevereiro, ou 1,4 milhão de pessoas
Desemprego volta a crescer, diz o IBGE

ISABEL CLEMENTE
da Sucursal do Rio

O desemprego voltou a subir nas seis principais regiões metropolitanas do país em fevereiro e chegou a 8,2% da força de trabalho, contra 7,6% em janeiro e 7,5% em fevereiro do ano passado, segundo dados divulgados ontem pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Foi a mais alta taxa verificada em fevereiro e a segunda maior da série histórica do IBGE, iniciada em 1983. A taxa do mês passado só perde para maio de 1984, quando ficou em 8,28%, e empata com a de maio de 1998.
A taxa só não é completamente ruim porque houve aumento de 0,5% na ocupação (aumento no número de postos de trabalho).
O aumento, no entanto, não conseguiu conter a escalada do desemprego, estimulada, desta vez, pelo ingresso de mão-de-obra no mercado.
Segundo o IBGE, o número de pessoas que se declararam em busca de emprego cresceu 8,3%, o suficiente para inchar a força de trabalho -a PEA (População Economicamente Ativa)- em 187 mil pessoas (1,1%), entre janeiro e fevereiro, e em 712 mil (4,1%), na comparação com o mesmo mês do ano passado.
A força de trabalho é formada pelas pessoas ocupadas e pelas que estão à procura de um emprego. Aposentados, estudantes, donas-de-casa e desempregados assumidos (que não estão atrás de trabalho) compõem a chamada não-PEA.
Esse contingente caiu 1,6% em fevereiro em relação ao mesmo mês do ano passado, o que não acontecia desde novembro de 1996.
Para o IBGE, trata-se de um indício de que as pessoas que simplesmente não procuravam emprego porque julgavam o cenário econômico muito ruim para serem bem-sucedidas na empreitada (o chamado desemprego por desalento) estão mudando de idéia.
Os candidatos a emprego sem experiência eram 13,7% dos desempregados em fevereiro. O restante (87,7%) já tinha prática.

"Taxa não preocupa"
Apesar de alta, a taxa de desemprego de fevereiro não preocupa porque, além de mostrar que a "tímida recuperação da economia" está estimulando a procura pelo emprego, também houve aumento na ocupação, disse a consultora do IBGE Shyrlene Ramos de Souza.
"A taxa preocuparia muito se a ocupação também estivesse em queda", disse.
O ex-diretor do Banco Central Carlos Thadeu de Freitas Gomes, professor do Ibmec (Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais), concorda.
Ele chama a atenção para o fato de o desemprego ser um dos indicadores que mais demoram a reagir à recuperação econômica. "Essa taxa é ruim, mas reflete o passado, e não o que está por vir, porque a economia está se recuperando", afirmou o economista.
Um dado positivo também é a queda no tempo de procura por emprego. Segundo o IBGE, a média nacional passou de 22 semanas em janeiro para 19,6 semanas em fevereiro.
Cerca de 1,4 milhão de pessoas estavam desempregadas nas seis regiões pesquisadas pelo IBGE (São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Recife e Porto Alegre).
Metade desse contingente de desempregados está em São Paulo (705 mil).
A maior taxa foi, novamente, a de Salvador (11,5%). Em seguida vêm São Paulo e Belo Horizonte, ambas com 8,9%, Recife (8,5%), Porto Alegre (7,8%) e Rio de Janeiro (5,7%).



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