São Paulo, quarta-feira, 24 de março de 2004

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NO AR

Gol e TAM defendem "corujão"; Vasp e Varig fazem alerta

Presidentes de aéreas divergem sobre promoção nos vôos à noite

MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL

Os "corujões", vôos noturnos com tarifas mais baixas, foram objeto de polêmica ontem entre os presidentes das quatro maiores companhias aéreas brasileiras, que participaram de debate no Fórum Panrotas Tendências do Turismo, em São Paulo.
Enquanto os presidentes da Gol e da TAM defenderam esse tipo de vôo da acusação de ser um possível estopim para uma nova guerra tarifária no setor, Wagner Canhedo, da Vasp, alertou para o risco de transferência de passageiros dos vôos diurnos para os noturnos, o que poderia obrigar as companhias a baixar preços.
Luiz Martins, da Varig, lembrou que, no passado, a empresa já operou vôos noturnos, o que teve como conseqüência guerra de preços. "A médio e longo prazo, a guerra tarifária corrói o resultado das empresas aéreas", disse.
O executivo afirmou que a empresa "teve que fazer" os "corujões". A Varig e a TAM seguiram a iniciativa da companhia de baixo custo Gol, que em dezembro de 2003 começou a operar vôos noturnos com preço de ônibus.
Apesar da ressalva, Martins afirmou acreditar que o setor atualmente "está mais maduro". "É possível aproveitar o que o vôo noturno traz de positivo", disse, referindo-se ao aumento de eficiência com a utilização de aeronaves que ficariam paradas.
De acordo com Constantino Júnior, presidente da Gol, a empresa não observou até agora um movimento de "drenagem" para os "corujões" de passageiros que tradicionalmente viajam em vôos diurnos. "O "corujão" visa outro tipo de público, que é quem viajava de ônibus, por exemplo", disse.
Marco Antonio Bologna, da TAM, também disse que a empresa não verificou essa transferência. Apesar das críticas de Canhedo, a Vasp já pediu autorização do DAC (Departamento de Aviação Civil) para realizar a operação.

BNDES
O presidente da TAM afirmou que o compartilhamento de vôos com a Varig, vigente desde março de 2003, evita que o governo tenha que injetar recursos para ajudar as aéreas no Brasil.
Com o compartilhamento, os custos das empresas diminuem.
É um discurso diferente do da Varig, cujo presidente, Martins, afirmou em dezembro do ano passado que a participação do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) é "indispensável" na reestruturação do setor aéreo.
Ontem, após o debate, o presidente da Varig não comentou diretamente a necessidade de recursos provenientes do banco estatal. A dívida total da companhia aérea hoje é de US$ 2 bilhões.


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