São Paulo, quarta-feira, 24 de março de 2004

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INTEGRAÇÃO

Negociação faz parte da estratégia americana de ampliar influência na América Latina e isolar a posição brasileira na Alca

EUA e Colômbia negociam acordo bilateral

FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON

Dentro da estratégia de ampliar o número de parceiros na América Latina, os EUA e a Colômbia darão início formal a uma negociação comercial bilateral no dia 18 de maio.
O objetivo norte-americano é incluir na mesma negociação a possibilidade de acordos também com o Equador e o Peru. Em uma segunda etapa, a Bolívia seria chamada a participar do bloco.
Juntos, os quatro países absorvem US$ 7 bilhões das exportações norte-americanas e têm estoques de investimentos diretos dos EUA no valor de US$ 4,5 bilhões.
Quando concretizados, os acordos deixarão praticamente isolados da influência dos EUA na região apenas os países integrantes do Mercosul (Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai).
Robert Zoellick, representante de comércio dos EUA, afirma que a disposição norte-americana é aprovar o novo acordo com a Colômbia e demais países envolvidos nos primeiros dias de 2005.
O passo em direção à Colômbia -anunciado em novembro passado ao Congresso e materializado ontem- faz parte da estratégia declarada dos EUA de buscar o maior número de parceiros comerciais na região mesmo durante as negociações da Alca (Área de Livre Comércio das Américas).
Os americanos fecharam recentemente um acordo com cinco países da América Central e esperam, "com uma estratégia agressiva", segundo Zoellick, ampliar sua influência na América Latina.
Com as negociações entre EUA e Brasil -os principais mercados da região- emperradas por discordâncias fundamentais entre os dois países, os norte-americanos esperam isolar cada vez mais a posição brasileira na Alca.
No acordo previsto com Colômbia, deverão ser aceitas todas as condições que os EUA tentam impor para o Brasil na Alca, como regras rígidas para investimentos, propriedade intelectual e compras governamentais.
A posição brasileira sobre esses pontos é negociá-los apenas se os EUA concordarem em discutir o fim de suas políticas de subsídios agrícolas e de ações antidumping que afetam as exportações de produtos do Brasil para o mercado norte-americano.
Há um mês, em relatório de intenções para 2004 enviado à Casa Branca, Zoellick afirmou que os EUA deverão perseguir acordos com "todos os países da região dispostos a realizá-los".


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