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Governo barra tratado que ampara estrangeiro
ANDRÉ SOLIANI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo conseguiu retirar ontem da pauta de votação do Congresso um tratado de proteção a
investimentos estrangeiros acertado entre os sócios do Mercosul,
que constrangeria o Brasil e, principalmente, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim,
caso fosse aprovado.
O acordo assinado em 1994 pelos quatro sócios do bloco (Brasil,
Argentina, Uruguai e Paraguai)
prevê o uso de árbitros internacionais, como a OMC ou um tribunal ad hoc (criado especialmente para julgar o caso), para dirimir disputas entre o Estado e os
investidores externos.
Essa parte do entendimento,
aceito na época pelo poder Executivo, é uma versão do capítulo 11
do acordo que deu origem ao Nafta (Acordo de Livre Comércio da
América do Norte), cujo conteúdo é execrado pelas atuais autoridades brasileiras. O capítulo 11 do
Nafta e o protocolo que não foi
votado retiram o poder do Judiciário nacional de ser o único legítimo para interpretar a legislação
interna e resolver disputas entre
empresas e governos.
Os EUA trabalharam para incluir uma espécie de capítulo 11
do Nafta no acordo da Área de Livre Comércio das Américas.
Se o protocolo do Mercosul fosse ratificado na sua atual versão,
os EUA não precisariam mais se
preocupar com o tema no Brasil.
O acordo do Mercosul permitiria
ao investidor estrangeiro recorrer
a árbitros internacionais em disputas com o Estado.
O acordo foi assinado pelo próprio Amorim quando ele ocupava
o mesmo cargo de hoje no governo Itamar Franco (92-94).
O protocolo foi enviado ao Congresso pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso, em
1995. Aprovado em todas as comissões, seria votado em plenário. Como todo tratado internacional assinado pelo Brasil, o protocolo deve ser ratificado pelo
Congresso antes de virar lei.
O Ministério das Relações Internacionais disse que o protocolo
será agora reexaminado.
O problema é que o mesmo texto já foi aprovado pelos demais
sócios do Mercosul.
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