São Paulo, quarta-feira, 24 de março de 2004

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Acerto com UE pode vir antes de Alca, diz Brasil

CLÁUDIA TREVISAN
DE PEQUIM

O acordo de livre comércio entre Mercosul e União Européia poderá ser concluído antes da Alca (Área de Livre Comércio das Américas) e da negociação da Rodada Doha da OMC (Organização Mundial do Comércio), ambas previstas para terminar até dezembro deste ano.
A estimativa foi feita ontem pelo ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, após a UE ter apresentado oferta de ampliação do acesso dos produtos agrícolas do Mercosul a seu mercado.
Amorim evitou julgar o teor da proposta dos europeus, mas considerou "muito positivo" o fato de ela ter sido apresentada agora. Segundo ele, até outubro, a UE insistia em deixar a negociação agrícola com o Mercosul para um período posterior à conclusão da Rodada Doha, entendimento comercial entre todos os países que compõem a OMC. O bloco mudou de posição em reunião realizada naquela época em Bruxelas.
Segundo o ministro, a oferta agrícola da UE basicamente aumenta as cotas de importação impostas a produtos agrícolas do Mercosul. Mas também condiciona a ampliação de concessões ao resultado da negociação na OMC.
Apesar de estar mais otimista nas conversas com os europeus, Amorim fez questão de ressaltar a importância das duas outras negociações nas quais o Brasil está envolvido -Alca e OMC.
De todas, a negociação da OMC é a "fundamental", afirmou o ministro em entrevista que concedeu durante visita oficial a Pequim. "As coisas mais importantes que nós queremos não serão obtidas nem na Alca nem na negociação birregional [com a UE]."
Questões como disciplina de medidas antidumping e subsídios agrícolas serão resolvidas na OMC e são elas que poderão ter impacto significativo sobre o comércio brasileiro, avaliou.
Mesmo que o acordo com a UE seja alcançado antes, terá de ser complementado com a negociação da OMC, disse Amorim.
O ministro lembrou que a negociação na Alca é mais complexa que a realizada com a UE, pois envolve 34 países americanos.


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