ANTONIO CARLOS SEIDL
da Reportagem Local

As exportações da indústria têxtil brasileira devem crescer pelo menos 20% neste ano em relação a 1998, alcançando US$ 1,4 bilhão, como resultado da maxidesvalorização do real, segundo Paulo Antonio Skaf, presidente da Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil).
"Pondo fim ao barateamento artificial das importações e ao encarecimento artificial das exportações, a nova realidade cambial, com o dólar entre R$ 1,60 e R$ 1,70 dentro de 60 dias, vai nos dar isonomia competitiva."
Skaf fez essas declarações, ontem, na abertura da 37ª Fenatec-Interstoff (Feira Internacional de Tecelagem), no International Trade Mart (Centro Têxtil), em São Paulo. A feira apresenta os lançamentos da coleção primavera-verão 1999-2000.
Além da taxa de câmbio mais favorável, Skaf conta também com a reabertura das linhas de crédito para as exportações "o mais breve possível" para que a indústria têxtil brasileira possa realizar sua meta de reconquistar 1% do mercado mundial, uma posição que tinha em 1980, no ano 2002. Isso significaria exportações anuais no valor de US$ 4 bilhões.
No momento, porém, a cadeia têxtil, numa iniciativa inédita, está buscando em conjunto, desde o produtor do algodão e dos fornecedores de matérias-primas para os fios sintéticos até as confecções, uma fórmula para diminuir ao máximo o impacto da desvalorização do real nos preços aos consumidores finais de seus produtos.
"Trata-se de um programa de ação da cadeia têxtil, cujo objetivo é ganhar mercado, dentro e fora do país, e não subir preço." O faturamento da indústria têxtil, que planeja investir US$ 6 bilhões nos próximos cinco anos, foi de R$ 20 bilhões em 1998. A estimativa é de um aumento de 5% (R$ 1 bilhão) neste ano.
Skaf disse que uma das metas do programa de ação da cadeia têxtil é alcançar a auto-suficiência da produção de algodão no país, cerca de 800 mil toneladas por ano. "Com isso, a indústria têxtil, que hoje emprega 1,3 milhão de pessoas, espera criar 1 milhão de empregos até o ano 2002."