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São Paulo, quinta-feira, 24 de abril de 2003

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CONTAS EXTERNAS

Saldo positivo nas transações com exterior é o 1º para o período em nove anos; governo erra na divulgação

País fecha 1º trimestre com superávit externo

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Com um equívoco, o governo anunciou ontem que, pela primeira vez em dez anos, o Brasil obteve saldo trimestral positivo nas transações correntes entre o país e o exterior.
O anúncio foi feito pelo porta-voz da Presidência, André Singer. "O ministro [Antonio] Palocci [Filho] comunicou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que, pela primeira vez em dez anos, o Brasil teve saldo trimestral positivo nas transações correntes entre o país e o exterior. Os dados serão divulgados amanhã [hoje" pelo Banco Central", disse o porta-voz.
Singer referiu-se ao resultado do primeiro trimestre do ano, que será divulgado hoje e que, segundo a Folha apurou, ficou pouco abaixo de US$ 300 milhões.
O problema é que o porta-voz se enganou. Não será a primeira vez em uma década que o Brasil terá saldo trimestral positivo em suas transações correntes.
No terceiro trimestre de 2002, ainda no governo de Fernando Henrique Cardoso, o país já tinha obtido resultado positivo de US$ 967 milhões em sua conta corrente -um dos principais indicadores da vulnerabilidade externa e que envolve todas as transações de bens e serviços feitas pelo Brasil com os outros países.
A conta engloba exportações, importações, pagamento de juros, remessas de dividendos e gastos com viagens internacionais, entre outros.

Duplo erro
Na verdade, mesmo que o porta-voz André Singer tenha se confundido e se referisse a saldo positivo em um primeiro trimestre anual, a informação estaria errada também.
Isso porque o saldo que será anunciado hoje será o primeiro positivo para um período de janeiro a março em nove anos, e não em uma década, como informou o porta-voz.
Em março de 1994, o país havia conseguido resultado positivo na conta corrente de US$ 332,3 milhões, de acordo com os dados do governo.
No mercado financeiro, o anúncio do porta-voz da Presidência virou motivo de piada. Depois de consultar os dados do próprio Banco Central e fazer contas, economistas concluíram que ele havia errado.

Ajuste
Desde o final de 2002, a alta do dólar provocou uma forte melhora no saldo da balança comercial (exportações menos importações), e o Brasil passou a registrar pequenos saldos positivos na sua conta de transações correntes.


Colaborou a Reportagem Local


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