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CONTAS EXTERNAS
Saldo positivo nas transações com exterior é o 1º para o período em nove anos; governo erra na divulgação
País fecha 1º trimestre com superávit externo
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Com um equívoco, o governo
anunciou ontem que, pela primeira vez em dez anos, o Brasil
obteve saldo trimestral positivo
nas transações correntes entre o
país e o exterior.
O anúncio foi feito pelo porta-voz da Presidência, André Singer.
"O ministro [Antonio] Palocci
[Filho] comunicou ao presidente
Luiz Inácio Lula da Silva que, pela
primeira vez em dez anos, o Brasil
teve saldo trimestral positivo nas
transações correntes entre o país e
o exterior. Os dados serão divulgados amanhã [hoje" pelo Banco
Central", disse o porta-voz.
Singer referiu-se ao resultado
do primeiro trimestre do ano, que
será divulgado hoje e que, segundo a Folha apurou, ficou pouco
abaixo de US$ 300 milhões.
O problema é que o porta-voz se
enganou. Não será a primeira vez
em uma década que o Brasil terá
saldo trimestral positivo em suas
transações correntes.
No terceiro trimestre de 2002,
ainda no governo de Fernando
Henrique Cardoso, o país já tinha
obtido resultado positivo de US$
967 milhões em sua conta corrente -um dos principais indicadores da vulnerabilidade externa e
que envolve todas as transações
de bens e serviços feitas pelo Brasil com os outros países.
A conta engloba exportações,
importações, pagamento de juros, remessas de dividendos e gastos com viagens internacionais,
entre outros.
Duplo erro
Na verdade, mesmo que o porta-voz André Singer tenha se confundido e se referisse a saldo positivo em um primeiro trimestre
anual, a informação estaria errada
também.
Isso porque o saldo que será
anunciado hoje será o primeiro
positivo para um período de janeiro a março em nove anos, e
não em uma década, como informou o porta-voz.
Em março de 1994, o país havia
conseguido resultado positivo na
conta corrente de US$ 332,3 milhões, de acordo com os dados do
governo.
No mercado financeiro, o anúncio do porta-voz da Presidência
virou motivo de piada. Depois de
consultar os dados do próprio
Banco Central e fazer contas, economistas concluíram que ele havia errado.
Ajuste
Desde o final de 2002, a alta do
dólar provocou uma forte melhora no saldo da balança comercial
(exportações menos importações), e o Brasil passou a registrar
pequenos saldos positivos na sua
conta de transações correntes.
Colaborou a Reportagem Local
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