ROBERTO DIAS
DE NOVA YORK

A economia americana patinou durante a guerra no Iraque, reportou ontem o Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA).
Na última edição do chamado Livro Bege, relatório oficial elaborado oito vezes ao ano, o órgão aponta efeitos negativos do conflito militar sobre uma economia que já vinha trôpega.
"O ritmo continuou fraco durante março e nas duas primeiras semanas de abril", afirma o texto divulgado pelo Fed -este último relatório abrange todo o período do conflito militar no Iraque, iniciado no dia 20 de março.
A análise cita diretamente o confronto do Oriente Médio ao explicar as razões para tal fraqueza. "O andamento da guerra aparenta ter tido algum efeito nas vendas e no consumo, embora ainda seja muito cedo para apurar o efeito final da guerra na confiança do consumidor e nos negócios", diz o Fed.
O texto servirá de base para a próxima reunião do Fomc, o braço do banco central americano que comanda a política de juros do país, em 6 de maio.
No mês passado, o órgão manteve a taxa em 1,25% ao ano, o mais baixo número desde 1961. À época, argumentou que tinha ainda muitas incertezas para mudar o número. Para analistas, porém, os dados divulgados ontem podem abrir caminho para novo corte na taxa de juros nos EUA.
O Livro Bege é elaborado a partir de dados coletados pelas 12 divisões regionais do Fed. O texto aponta que 5 dos Feds regionais, incluindo os de Nova York e de Chicago, apuraram piora nas condições econômicas em relação ao último relatório, divulgado no início de março. Outros seis disseram que a situação segue em condições semelhantes.
O Fed detectou problemas causados pela ação militar nas atitudes do consumidor, ponto que muitos economistas consideram fundamental para a recuperação da economia americana. "Relatórios sobre gastos do consumidor foram em gerais fracos em março, mas parte da fraqueza foi atribuída ao clima ruim [as temperaturas nos EUA estão mais baixas que o normal" e ao andamento da guerra", diz o texto.
Além das causas militares, o relatório do Fed reserva parte da responsabilidade pelos tropeços da economia americana à Sars. Os Feds regionais de San Francisco e Dallas relataram declínio nas viagens internacionais por causa da pneumonia.


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