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FINANÇAS
Presidente do órgão recomenda que não sejam lançados fundos do tipo até que o investidor esteja mais bem informado
Comprar ação com FGTS é arriscado, diz CVM
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
O presidente da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), Marcelo Trindade, disse ontem ser
"muito reticente quanto ao uso"
do FGTS (Fundo de Garantia do
Tempo de Serviço) para a aquisição de ações e recomendou que
não sejam lançados fundos desse
tipo até que o investidor esteja
"mais bem informado".
"A gente tem dois casos de sucesso para contar, graças a Deus:
Petrobras e Vale [do Rio Doce].
Vamos parar por aí", disse, em
palestra promovida pela Câmara
Americana de Comércio, no Rio.
Segundo Trindade, esses dois
casos não refletem o risco de investir no mercado de ações: "[As
pessoas dizem que] é mole dar TR
mais 3% [remuneração do
FGTS]. Não é bem assim. Enquanto só houver histórias de sucesso, está ótimo. Mas, quando as
pessoas começarem a ver seu fundo de garantia virar pó, vai ser
muito difícil", afirmou Trindade.
Os fundos que aplicam recursos
do FGTS em ações da Vale e Petrobras costumam registrar rentabilidade superior à dos fundos
de ações. As operações foram lançadas com o objetivo de pulverizar papéis do BNDES e da União,
respectivamente, nas duas companhias. Os fundos são fechados
-não aceitam novos poupadores, só os que ingressaram na época do lançamento. Todos foram
regulamentados pela CVM.
A rentabilidade média dos fundos FGTS-Petrobras está em 2,2%
em junho (até o dia 18) e em
4,65% no ano. Já os de Ibovespa
ganharam 3,43% no ano, mas
perderam 7,26% no mês. Os da
Vale do Rio Doce apresentaram
desempenho pior: -15,49% no
ano e -8,81% no mês.
De acordo com Trindade, "com
o atual nível de informação" do
investidor, a CVM "não deveria
continuar" a autorizar esse tipo
de fundo. Na visão dele, o poupador ainda não tem "claros" os riscos que envolvem tal investimento. O Banco do Brasil planeja vender ações com o FGTS.
Para ele, o fato de que hoje apenas sejam permitidos fundos com
dinheiro do FGTS que apliquem
num único papel aumenta o risco.
Trindade rebateu ainda as críticas de estudo da IIF (Instituto de
Finanças Internacionais), que
apontou falhas na regulamentação do mercado de capitais do
país e disse que ela é pior do que
em outros emergentes.
"Dizem que a governança corporativa no Brasil é muito ruim.
Isso é uma falácia. Não tivemos
uma Enron [maior escândalo da
fraude contábil do mundo] porque nossos auditores são melhores e a CVM os educa e interage
com eles."
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