São Paulo, sexta-feira, 24 de junho de 2005

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INFRA-ESTRUTURA

Consórcios liderados por Norberto Odebrecht e Andrade Gutierrez farão obra que ligará o Brasil a portos no Pacífico

Brasileiros construirão rodovia no Peru

SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL

Dois consórcios liderados pelas empreiteiras brasileiras Norberto Odebrecht e Andrade Gutierrez venceram ontem a licitação para construção e manutenção de três trechos do Eixo Rodoviário Interoceânico Sul, no Peru. Elas disputaram as concessões com empresas da Suécia, do México, do Peru e do Equador.
A estrada, de cerca de mil quilômetros de extensão, exigirá investimentos de US$ 810 milhões e ligará a cidade de Assis Brasil, no Acre, a três portos peruanos no Pacífico: San Juan, Maratani e Ilo, no Peru. A obra será financiada pelos governo peruano e brasileiro e pela Corporação Andina de Fomento.
O governo brasileiro deve financiar 48% -US$ 420 milhões - do valor da obra, por meio do Programa de Financiamento às Exportações (Proex). O financiamento está vinculado à exportação de produtos e serviços brasileiros ao Peru.
Os trechos licitados fazem parte de um projeto mais ambicioso, do Eixo Interoceânico, que cortará o continente ligando os oceanos Pacífico e Atlântico e que totalizará 2.603 quilômetros.
O consórcio liderado pela Odebrecht -com 70% de participação- ficou com dois trechos da parte peruana do Eixo Interoceânico. Ela tem como parceiras as empresas peruanas Graña y Montero, JJC Contratistas Generales e Ingenieros Civiles y Contratistas Generales.
O consórcio irá construir 703 quilômetros de rodovias ligando as cidades peruanas de Urcos a Inambari e Inapari na divisa com o Brasil. Segundo a Odebrecht, o contrato exigirá investimentos de US$ 550 milhões em obras nos primeiros quatro anos. O prazo da concessão é de 25 anos e inclui, além da construção, a manutenção e a operação da rodovia, informou o diretor de exportação e financiamento da empresa, André Amaro.
Este é o segundo negócio fechado neste mês pela Odebrecht no Peru. No dia 17, consórcio formado pela empreiteira e pela Andrade Gutierrez e a peruana Graña y Montero assinou contrato com o Ministério dos Transportes e Comunicações do Peru para construção, reabilitação e manutenção da estrada que liga o porto de Paifa, no Pacífico, ao porto de Yurimaguas, na Amazônia peruana.
A empresa atua no Peru há 26 anos, onde iniciou sua incursão na área internacional, construindo a hidrelétrica de Charcani. Além de rodovias, a Odebrecht tem desenvolvido projetos na área de saneamento. No segundo semestre ela iniciará a construção de um túnel na Cordilheira dos Andes para fazer a transposição de água que será usada para irrigação e geração de energia.

Intersur
O outro consórcio vencedor da licitação, o Intersur, é composto pelas empreiteiras brasileiras Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão e Camargo Corrêa. Ele será responsável pela construção de 306 quilômetros ligando as cidades peruanas de Inambari e Azangaro. Procurada, a Andrade Gutierrez, não se manifestou.
O Eixo Rodoviário é a maior obra de asfaltamento da história do Peru. O plano de ligar os oceanos Pacífico e Atlântico foi lançado em 2004 pelos presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e do Peru, Alejandro Toledo. O objetivo será facilitar as exportações entre os dois países.
Ontem, o presidente peruano participou da abertura dos envelopes da licitação em cerimônia realizada na cidade de Ilo."Não estamos mais sonhando com integração", afirmou. Segundo Toledo, a nova rodovia deverá aumentar em 1,5 ponto percentual o PIB do país.


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