São Paulo, quarta-feira, 24 de julho de 2002

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RINDO PARA NÃO CHORAR

Como seu antecessor, presidente norte-americano é sucesso de público e fracasso de crítica

Bush é "clintonizado" enquanto o povo ri

SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK

A tendência foi pescada no ar pelo colunista Howard Kurtz, do jornal "The Washington Post": o presidente George W. Bush está sendo "clintonizado".
Como o democrata Bill Clinton, seu antecessor, Bush é sucesso de público (seus índices de aprovação estão acima da média histórica), mas virou fracasso de crítica, liderada pela imprensa e formadores de opinião.
O jornalista cita como argumento a última pesquisa do jornal "The New York Times" e da emissora CBS. Segundo o levantamento, 66% dos entrevistados crêem que Bush está mais interessado em proteger as grandes empresas do que os dos americanos e 48% dos ouvidos acham que ele está escondendo algo.
Mesmo assim, 70% das pessoas entrevistadas aprovam a gestão Bush até agora. Se o povo o continua aprovando, o mesmo não se pode dizer dos formadores de opinião, num fenômeno parecido com o ocorrido há seis anos com Clinton, durante o escândalo Monica Lewinsky.
Assim, os "talk shows", que tomam o fim de noite de todas as emissoras abertas dos EUA e são um dos principais termômetros do humor dos americanos, têm dedicado boa parte de seu tempo em ridicularizar a onda de escândalos contábeis que atinge o país e a maneira com que Bush vem lidando com o problema.
"Como uma companhia telefônica como a WorldCom pode perder dinheiro?", perguntou em seu monólogo inicial Jay Leno. "É como um traficante declarar que está pedindo concordata durante um show de jazz..."
David Letterman, em uma de suas listas "Top Ten", incluiu esse item como número 6 dos "fatos pouco conhecidos do ar-condicionado": "O vice-presidente Dick Cheney conduz muitos de seus crimes financeiros em salas com ar-condicionado".
Quase simultaneamente vieram as correntes da internet. Uma delas cria o termo "CEOnistas", um bando formado pelos 10 mil diretores-executivos (CEOs, na sigla em inglês) de grandes corporações que ainda não foram pegos e que estão fugindo para o México, destruindo tudo no caminho. Como reconhecê-los? "Eles declaram o dinheiro gasto nos saques de cidades como despesas de trabalho."



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