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São Paulo, quinta-feira, 24 de julho de 2003

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DRAGÃO ADORMECIDO

Taxa de julho fica em -0,18%, influenciada principalmente pela redução de 1,02% nos preços dos alimentos

IPCA-15 registra maior deflação desde 98

DA SUCURSAL DO RIO

Mais um índice do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) registrou deflação: o IPCA-15 teve queda de 0,18% em julho. Foi a menor taxa desde setembro de 1998, quando o índice ficara negativo em 0,44%. Em junho, o IPCA-15 apontara uma inflação de 0,22%.
Considerado pelo mercado como uma prévia do IPCA, índice oficial de inflação e que teve deflação de 0,15% em junho, o IPCA-15 caiu devido ao recuo dos preços dos alimentos e dos combustíveis.
A queda foi mais intensa do que os economistas previam -entre 0% e -0,05%- e obrigou-os a revisar suas projeções para o IPCA deste mês. As previsões passaram de 0,4% a 0,5% para 0,2% a 0,3%.
O que mais surpreendeu os economistas foi o comportamento dos preços dos alimentos. O grupo registrou deflação de 1,02%, ante uma alta de 0,30% em junho.
Houve uma queda quase que generalizada, liderada por itens como tomate, cebola, batata, açúcar e feijão.
"O IPCA-15 foi uma surpresa boa. Os preços livres [sujeitos aos efeitos da taxa de juro] tiveram queda generalizada e os administrados também pressionaram menos do que prevíamos", afirmou a economista Marcela Prada, da Tendências Consultoria.
Segundo ela, os preços livres tiveram uma queda de 0,12% -em junho, haviam subido 0,20%.
Também ajudaram no recuo da inflação as liminares judiciais que, primeiro, adiaram o reajuste da telefonia fixa e, depois, alteraram o indexador. O aumento seria, por contrato, pelo IGP-M, mas por força de decisão judicial passou a ser pelo IPCA, que subiu menos no período considerado para o último reajuste.
Com isso, os preços administrados (tarifas públicas e combustíveis) tiveram uma deflação de 0,19%, segundo cálculo do BankBoston. No IPCA-15, a gasolina teve queda de 4,51%. O álcool, de 11,56%. Os dois também foram, junto com os alimentos, os principais responsáveis pela deflação de junho.
De acordo com Marcelo Cypriano, do BankBoston, o resultado "surpreendente" do IPCA-15 -ele previa uma deflação de 0,05%- abre espaço para o Banco Central manter a trajetória de corte das taxas de juro.
Para Cypriano, o BC deve reduzir o juro em agosto na mesma intensidade da queda decidida ontem -1,5 ponto percentual. Se confirmada essa projeção, a taxa cairia dos atuais 24,5% para 23% ao ano.
(PEDRO SOARES)


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