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DRAGÃO ADORMECIDO
Taxa de julho fica em -0,18%, influenciada principalmente pela redução de 1,02% nos preços dos alimentos
IPCA-15 registra maior deflação desde 98
DA SUCURSAL DO RIO
Mais um índice do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) registrou deflação: o
IPCA-15 teve queda de 0,18% em
julho. Foi a menor taxa desde setembro de 1998, quando o índice
ficara negativo em 0,44%. Em junho, o IPCA-15 apontara uma inflação de 0,22%.
Considerado pelo mercado como uma prévia do IPCA, índice
oficial de inflação e que teve deflação de 0,15% em junho, o IPCA-15
caiu devido ao recuo dos preços
dos alimentos e dos combustíveis.
A queda foi mais intensa do que
os economistas previam -entre
0% e -0,05%- e obrigou-os a revisar suas projeções para o IPCA
deste mês. As previsões passaram
de 0,4% a 0,5% para 0,2% a 0,3%.
O que mais surpreendeu os economistas foi o comportamento
dos preços dos alimentos. O grupo registrou deflação de 1,02%,
ante uma alta de 0,30% em junho.
Houve uma queda quase que
generalizada, liderada por itens
como tomate, cebola, batata, açúcar e feijão.
"O IPCA-15 foi uma surpresa
boa. Os preços livres [sujeitos aos
efeitos da taxa de juro] tiveram
queda generalizada e os administrados também pressionaram
menos do que prevíamos", afirmou a economista Marcela Prada,
da Tendências Consultoria.
Segundo ela, os preços livres tiveram uma queda de 0,12% -em
junho, haviam subido 0,20%.
Também ajudaram no recuo da
inflação as liminares judiciais que,
primeiro, adiaram o reajuste da
telefonia fixa e, depois, alteraram
o indexador. O aumento seria,
por contrato, pelo IGP-M, mas
por força de decisão judicial passou a ser pelo IPCA, que subiu
menos no período considerado
para o último reajuste.
Com isso, os preços administrados (tarifas públicas e combustíveis) tiveram uma deflação de
0,19%, segundo cálculo do BankBoston. No IPCA-15, a gasolina
teve queda de 4,51%. O álcool, de
11,56%. Os dois também foram,
junto com os alimentos, os principais responsáveis pela deflação de
junho.
De acordo com Marcelo Cypriano, do BankBoston, o resultado
"surpreendente" do IPCA-15
-ele previa uma deflação de
0,05%- abre espaço para o Banco Central manter a trajetória de
corte das taxas de juro.
Para Cypriano, o BC deve reduzir o juro em agosto na mesma intensidade da queda decidida ontem -1,5 ponto percentual. Se
confirmada essa projeção, a taxa
cairia dos atuais 24,5% para 23%
ao ano.
(PEDRO SOARES)
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