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TRABALHO
Ministério Público vai apurar as denúncias de colhedores de laranja
Fazenda de laranja será investigada
FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL
O Ministério Público do Trabalho de Campinas vai instaurar inquérito civil público para investigar denúncias de colhedores de
laranja que envolvem a fazenda
Fittipaldi Citrus, localizada em
Araraquara (SP), e o Condomínio
Antonio Martinez e Outros, com
sede em Catanduva (SP).
Um grupo de 160 trabalhadores
rurais está em greve há oito dias
porque descobriu irregularidades
na forma de contratação -feita
pelo Condomínio Antonio Martinez- para colheita de laranja na
fazenda Fittipaldi Citrus, como
mostrou reportagem da Folha
publicada no último domingo.
Eles foram contratados no dia
18 junho por um período determinado (o prazo da colheita), mas
outro carimbo na carteira de trabalho dos colhedores dá como
cancelado esse contrato a partir
da data da admissão -o que significa que eles trabalharam três
meses sem registro na carteira.
Os empregados querem também ganhar mais pela caixa de laranja colhida (R$ 0,25). Hoje, eles
recebem R$ 0,16. A Delegacia Regional do Trabalho de Araraquara
deu prazo até hoje para o Condomínio Antonio Martinez acertar
as contas com os trabalhadores.
Também reivindicam: pagamento de R$ 0,18 por caixa colhida retroativo a 18 de junho e que o
dia de chuva e o dia perdido por
doença seja remunerado pela média de produção do colhedor.
Denise Maria Rossi Pipino, advogada do condomínio, diz que a
proposta da fazenda (até ontem) é
fazer o pagamento de R$ 0,18 retroativo a primeiro de setembro.
"É preciso que as duas partes tenham boa vontade para acabar
com a greve. O condomínio nem
vai discutir o fato de que os trabalhadores não informaram com 48
horas de antecedência que iriam
entrar em greve", afirma.
O Ministério Público do Trabalho de Campinas vai solicitar ao
condomínio e à fazenda documentos referentes à jornada de
trabalho dos colhedores, cópias
de atestados de saúde e cópias de
fichas toxicológicas dos produtos
utilizados na imunização dos trabalhadores -eles têm de lavar
diariamente os pés, as mãos e os
garrafões de água em produtos
antes de entrar na fazenda.
O Ministério Público do Trabalho também vai verificar se há local adequado para as refeições dos
colhedores de laranja, há programas de prevenção de acidentes e
de controle médico. O prazo para
apresentar essa documentação
será de dez dias a partir da data da
intimação. Após essa data, o Ministério Público do Trabalho fará,
juntamente com a Delegacia Regional do Trabalho, fiscalização
na fazenda e no condomínio.
Indústria de suco
Ademerval Garcia, presidente da Abecitrus (Associação Brasileira dos Exportadores de Cítricos), informa que a indústria de
suco compra a laranja no portão
da fábrica e não no pé de laranja
das fazendas. "A indústria que
tem fazenda de laranja contrata o
trabalhador por meio da legislação comum, pela CLT (Consolidação das Leis do Trabalho). Não
tem nada de condomínio."
Segundo ele, as nove indústrias
de suco de laranja, reunidas na
abecitrus, plantam apenas 10% da
laranja que necessitam para produção de suco -isto é, compra
90% do volume que precisa de
produtores independentes. E são
esses produtores, diz, que estão
envolvidos em condomínios.
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