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EXPORTAÇÕES
Empresa diz que está insatisfeita com a parceria na BRF Trading
Sadia pode romper com a Perdigão
LÁSZLÓ VARGA
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma das principais parcerias
criadas em 2001 para elevar as exportações, e muito festejada pelo
mercado, pode acabar em breve.
A BRF Trading Company, associação da Sadia com a Perdigão
destinada a explorar as vendas de
suínos e de aves para mercados
no Leste Europeu, no Oriente Médio, na África e no Caribe, pode
ser encerrada nos próximos meses.
O vice-presidente comercial da
Perdigão, João Rozário da Silva,
afirmou ontem à Folha que a Sadia iniciou um processo de reavaliação do negócio. "A Perdigão está muito satisfeita com a parceria,
mas a Sadia não está contente. Está reavaliando se a BRF é interessante para ela", disse Silva.
Segundo o executivo, a Sadia reclama de conflitos de culturas entre ela e a Perdigão. O que se comenta no mercado é que a Sadia
está acostumada a trabalhar mais
diretamente com os varejistas
(supermercadistas e mercearias),
enquanto a Perdigão prefere fazer
negócios com atacadistas.
A Folha procurou ontem várias
vezes, até o início da noite, o presidente do conselho da Sadia, Luiz
Fernando Furlan, e o diretor de
relações com investidores da empresa, Luiz Murad Júnior.
Os assessores informaram que
Furlan e Murad estavam em reuniões e não poderiam atender a
reportagem.
Queda no lucro
O fato de a Perdigão estar obtendo maior sucesso no aumento de
suas vendas externas, intermediadas ou não pela BRF, pode estar
pesando na parceria.
As exportações da Perdigão somaram R$ 500,7 milhões no primeiro semestre deste ano, um desempenho 18,8% maior do que os
R$ 421,5 milhões do mesmo período de 2001.
A Sadia, por sua vez, teve incremento um pouco menor na expansão de suas vendas externas.
Elas cresceram 17,7%. Passaram
de R$ 670,9 milhões do primeiro
semestre de 2001 para R$ 789,7
milhões no mesmo período deste
ano.
A queda de 38,5% no lucro da
Sadia no primeiro semestre deste
ano em relação aos seis primeiros
meses de 2001 também é um fator
de preocupação. A empresa lucrou R$ 69,2 milhões entre janeiro
e junho de 2002, contra R$ 112,5
milhões do primeiro semestre do
ano passado.
A companhia atribuiu a retração à alta dos preços dos insumos
para a criação de animais, como o
milho.
Já a Perdigão conseguiu aumento de 9,1% no lucro no mesmo período. A empresa registrou ganhos de R$ 348,7 milhões entre janeiro e junho deste ano. No primeiro semestre de 2001, o lucro
foi de R$ 319,7 milhões.
Silva disse que não foi tomada
nenhuma decisão sobre o futuro
da BRF. Caso a parceria chegue ao
fim, no entanto, as exportações
tanto da Perdigão como da Sadia
para países como a Rússia, o Irã, a
Jordânia e o Iraque podem ser
prejudicadas, devido à necessidade de reorganização dos negócios.
Silva, no entanto, disse não temer a mudança. "Temos contatos
com os clientes e acredito que não
seríamos prejudicados."
Quando a BRF foi fundada, em
abril do ano passado, a previsão
era de faturamento de US$ 150
milhões no primeiro ano de atividades. O desempenho de fato da
companhia no período é mantido em sigilo.
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