São Paulo, terça-feira, 24 de setembro de 2002

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EXPORTAÇÕES

Empresa diz que está insatisfeita com a parceria na BRF Trading

Sadia pode romper com a Perdigão

LÁSZLÓ VARGA
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma das principais parcerias criadas em 2001 para elevar as exportações, e muito festejada pelo mercado, pode acabar em breve.
A BRF Trading Company, associação da Sadia com a Perdigão destinada a explorar as vendas de suínos e de aves para mercados no Leste Europeu, no Oriente Médio, na África e no Caribe, pode ser encerrada nos próximos meses.
O vice-presidente comercial da Perdigão, João Rozário da Silva, afirmou ontem à Folha que a Sadia iniciou um processo de reavaliação do negócio. "A Perdigão está muito satisfeita com a parceria, mas a Sadia não está contente. Está reavaliando se a BRF é interessante para ela", disse Silva.
Segundo o executivo, a Sadia reclama de conflitos de culturas entre ela e a Perdigão. O que se comenta no mercado é que a Sadia está acostumada a trabalhar mais diretamente com os varejistas (supermercadistas e mercearias), enquanto a Perdigão prefere fazer negócios com atacadistas.
A Folha procurou ontem várias vezes, até o início da noite, o presidente do conselho da Sadia, Luiz Fernando Furlan, e o diretor de relações com investidores da empresa, Luiz Murad Júnior.
Os assessores informaram que Furlan e Murad estavam em reuniões e não poderiam atender a reportagem.

Queda no lucro
O fato de a Perdigão estar obtendo maior sucesso no aumento de suas vendas externas, intermediadas ou não pela BRF, pode estar pesando na parceria.
As exportações da Perdigão somaram R$ 500,7 milhões no primeiro semestre deste ano, um desempenho 18,8% maior do que os R$ 421,5 milhões do mesmo período de 2001.
A Sadia, por sua vez, teve incremento um pouco menor na expansão de suas vendas externas. Elas cresceram 17,7%. Passaram de R$ 670,9 milhões do primeiro semestre de 2001 para R$ 789,7 milhões no mesmo período deste ano.
A queda de 38,5% no lucro da Sadia no primeiro semestre deste ano em relação aos seis primeiros meses de 2001 também é um fator de preocupação. A empresa lucrou R$ 69,2 milhões entre janeiro e junho de 2002, contra R$ 112,5 milhões do primeiro semestre do ano passado.
A companhia atribuiu a retração à alta dos preços dos insumos para a criação de animais, como o milho.
Já a Perdigão conseguiu aumento de 9,1% no lucro no mesmo período. A empresa registrou ganhos de R$ 348,7 milhões entre janeiro e junho deste ano. No primeiro semestre de 2001, o lucro foi de R$ 319,7 milhões.
Silva disse que não foi tomada nenhuma decisão sobre o futuro da BRF. Caso a parceria chegue ao fim, no entanto, as exportações tanto da Perdigão como da Sadia para países como a Rússia, o Irã, a Jordânia e o Iraque podem ser prejudicadas, devido à necessidade de reorganização dos negócios.
Silva, no entanto, disse não temer a mudança. "Temos contatos com os clientes e acredito que não seríamos prejudicados."
Quando a BRF foi fundada, em abril do ano passado, a previsão era de faturamento de US$ 150 milhões no primeiro ano de atividades. O desempenho de fato da companhia no período é mantido em sigilo.


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