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Para Mantega,
governo evitará
"torrar dinheiro"
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministério do Planejamento,
Guido Mantega, disse que, para
"não torrar dinheiro", o governo
decidiu aumentar a meta de superávit primário deste ano. A medida elevará em R$ 4 bilhões a economia de recursos destinada ao
pagamento de juros da dívida.
"Se você teve uma receita que
extrapolou, que não era prevista,
você corre o risco de "torrar o dinheiro", gastar de forma inadequada, não fazer o dinheiro render. Então, ao invés de gastar, você guarda", afirmou pela manhã,
durante entrevista.
Mantega também afirmou que
o novo superávit primário não
cria um novo piso para o ajuste
fiscal. "Esse novo superávit não
cria piso nenhum. É a partir de
uma situação específica que estamos vivendo neste ano que então
resolvemos fazer isso", disse.
"Se a gente alocar de forma precipitada esse acréscimo de receita,
você vai gastar mal porque você
não fez um planejamento e [ia] jogar dinheiro pelo ralo, e o governo
não quer fazer isso. Então vamos
guardar este dinheiro, esses R$ 4
bilhões, porque estamos satisfeitos com o programa de investimentos", afirmou ele.
Segundo ele, o gasto tem de ser
planejado. "A gente podia gastar
tudo? Podia porque gastar dinheiro no setor público é fácil, mas o
resultado não seria bom para a
população. A gente não estaria
gastando bem o dinheiro público", afirmou.
Com a decisão, afirmou o ministro, o governo começa a colocar em prática o princípio do superávit anticíclico: guardar mais
recursos para pagamento de juros
quando a economia está crescendo mais para gastar mais nos momentos de fraco desempenho
econômico.
"É quase como se fosse o anticíclico. Porque é isso que é o anticíclico. Você tem uma receita excepcional que não tinha planejado e, em vez de gastar precipitadamente, você guarda. Então, você tem um cacife, você está guardando um trunfo. Este é o espírito
do anticíclico", disse ele.
Mantega evitou relacionar a decisão de aumentar o superávit primário à alta dos juros. "Não tem
nada a ver. Nós não estamos pensando em juros. É claro que você
vai criar um cenário melhor para
o país um ambiente mais favorável para todas as políticas."
A Folha apurou, porém, que o
ministro Antonio Palocci (Fazenda) defendeu a medida como
uma forma de atenuar eventuais
novas altas na taxa de juros. Mantega afirmou ainda que o aumento na meta de superávit não irá reduzir o volume de gastos e investimentos previstos para este ano.
FMI
A decisão do governo foi elogiada ontem pelo FMI (Fundo Monetário Internacional).
"As autoridades brasileiras têm
se demonstrado dispostas a tomar medidas preventivamente
quando necessário e sempre de
forma apropriada e oportuna",
disse o porta-voz do Fundo, Thomas Dawson, em Washington.
Ele afirmou ainda que "os resultados do Brasil seguem excepcionais e superam as expectativas de
todo mundo, exceto, talvez, as de
suas próprias autoridades".
Com agências internacionais
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