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BATE E ASSOPRA
Medida diminui imposto a empresa que realizar investimento produtivo; impacto na Receita é de R$ 1,7 bi ao ano
Palocci atende indústria e reduz carga fiscal
ANDRÉ SOLIANI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Um dia depois de anunciar o aumento do superávit fiscal para este ano, o governo divulgou duas
medidas de redução da carga tributária para incentivar os investimentos no país.
O pacote, chamado de Programa Invista Já, custará à Receita
Federal R$ 1,7 bilhão por ano. As
propostas, aprovadas ontem pelo
presidente Luiz Inácio Lula da Silva, haviam sido entregues por
empresários cerca de três semanas antes, durante reunião do
CNDI (Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial).
"A contrapartida que queremos
é que os empresários brasileiros
invistam fortemente", disse o ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, ao anunciar os incentivos
fiscais, ontem à noite. A Folha antecipou ontem o encontro e os pedidos dos empresários.
As duas medidas vão reduzir o
pagamento de impostos para empresários que decidirem fazer novos investimentos produtivos.
A primeira permitirá que as indústrias descontem do pagamento do Imposto de Renda os gastos
na compra de máquinas e equipamentos num prazo de cinco anos.
Atualmente, esse prazo é de dez
anos. O impacto na arrecadação
dessa medida será de R$ 500 milhões. Ela só vale até o final de dezembro de 2005.
Como o Imposto de Renda é repartido com os Estados, Palocci
afirmou que os créditos adicionais com a depreciação acelerada
serão descontados da CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido), para evitar impactos nas
contas estaduais.
A segunda medida reduz o prazo de devolução do PIS/Cofins sobre a compra de bens de capital. O
empresário poderá reaver esses
impostos num prazo de dois
anos. Pelas regras atuais, ele só receberia de volta esses impostos
num prazo de quatro anos.
"Acreditamos que concluímos
as medidas de desoneração e de
equilíbrio da carga tributária para
este ano", disse Palocci, para
quem o crescimento econômico,
a cobrança de PIS/Cofins sobre
bens importados e a eficiência da
Receita elevaram a arrecadação
além do esperado.
As medidas de desoneração tributária e o aumento do superávit
primário (economia para pagar
juros) só foram possíveis devido a
esse excesso de arrecadação.
"Nós vamos com mais superávit
e com a devolução de impostos
ajustando esse aumento da arrecadação para colaborar com a
economia", disse o ministro.
Segundo Palocci, o governo
anunciou neste ano um total de 14
medidas para incentivar investimentos. Entre elas, estão a redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) sobre bens
de capital, a extensão do prazo para recolhimento do IPI e o programa de isenções fiscais para investimentos em portos.
O ministro não descartou mais
desoneração no futuro. Palocci
afirmou que o governo observará
o resultado das últimas decisões
para, depois, voltar a discutir novos incentivos.
Questionado se as medidas
eram necessárias porque o governo avaliava que o nível de investimentos estava baixo, Palocci respondeu que "o Brasil não está no
momento com carência de investimento". "Ele não é um investimento extraordinário, mas é superior ao que tivemos em outros
momentos", completou.
Surpresa
Os empresários do CNDI ficaram surpresos com a divulgação
das medidas ontem. Eles vieram a
Brasília para se reunir com Palocci na Fazenda. O encontro acabou
indo para a sala de Lula, no Palácio do Planalto, que pediu a Palocci que anunciasse a decisão.
Quando chegou à Fazenda, o
presidente da CNI (Confederação
Nacional da Indústria), Armando
Monteiro Neto, disse que a reunião era apenas mais um passo
nas discussões que haviam começado três semanas atrás.
"Não estamos acostumados a
ver essa agilidade, essa boa vontade do governo", afirmou Eugênio
Staub, da Gradiente, um dos
membros do CNDI.
"Para quem investe, a carga tributária se tornou menor", disse
Monteiro Neto. "A carga global
da economia, no entanto, foi elevada", ponderou o empresário.
Segundo ele, o governo não
atendeu a todos os pleitos da indústria, mas aceitou mudanças
que terão um impacto positivo na
economia. O presidente da CNI
elogiou também a decisão do governo de elevar o superávit.
"O nosso compromisso com o
país, que o presidente Lula voltou
a reafirmar, é fazer o processo de
devolução dessa receita [adicional] para manter a carga tributária pelos menos estável", afirmou
Palocci, sobre as medidas.
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