São Paulo, sexta-feira, 24 de setembro de 2004

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NOVOS INVESTIMENTOS

Três usinas para produção de placas de aço serão instaladas na região do porto de Itaqui até 2010

BNDES financiará projeto de US$ 11 bi no MA

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) financiará a instalação de um megapólo siderúrgico no Maranhão, cujos investimentos totais serão de US$ 11,4 bilhões até 2010 (cerca de R$ 33,63 bilhões).
Três usinas para a produção de placas de aço serão instaladas na região do porto de Itaqui -cada uma com capacidade para até 8 milhões de toneladas. A Vale do Rio Doce, que assinou um acordo com o governo do Estado, será sócia dos projetos, que terão o banco como acionista minoritário.
De acordo com o vice-presidente do BNDES, Darc Costa, há um grande interesse de grupos estrangeiros em participar dos três projetos. Já existem, diz, negociações com empresas coreanas, japonesas, chinesas, francesas e alemãs. Ele não revelou, porém, o nome das companhias.
Disse que é objetivo do banco que as usinas tenham uma predominância de capital nacional. Por isso, o banco entrará como sócio -ou sozinho ou junto com a Vale num consórcio. Empresas brasileiras também já se interessaram pelos projetos. A única que Costa descartou foi a CSN, que, segundo ele, quer investir, mas não em Itaqui. A companhia planeja montar uma nova unidade na área do porto de Sepetiba ou em Volta Redonda, também no Rio. Costa disse que os fundos de pensão também poderão entrar como parceiros nas usinas do Maranhão.
Quando estiverem operando com plena capacidade, as usinas ampliarão em 70% a produção nacional de aço. Farão, com isso, do Maranhão o principal produtor do país.
"O Brasil tem o melhor minério de ferro do mundo. Tem ainda outras vantagens comparativas que devem ser aproveitadas", disse Costa, ao justificar o interesse de tantos grupos pelo projeto.
Segundo ele, o maior entrave era a falta de carvão (usado no processo siderúrgico) no país. Esse problema foi solucionado graças a um acordo firmado com a Venezuela, que recentemente descobriu reservas de carvão.
Sobre a localização das usinas, disse que o porto de Itaqui é estratégico, por sua proximidade com os principais mercados do mundo e pelo fato de boa parte do minério brasileiro, exportado pela Vale, ser escoado por lá.
A primeira fase do projeto deve ser iniciada já em 2005, quando o banco espera começar a liberar o financiamento para a construção das usinas. Serão feitas uma de cada vez. O tempo médio de construção é de três anos.
Num primeiro momento, cada usina terá capacidade para produção de 4 milhões de toneladas de placas (produto siderúrgico básico, em geral, destinado à exportação). As plantas, porém, poderão ser duplicadas, passando a produzir até 8 milhões de toneladas. Ao todo, as três unidades acrescentarão 24 milhões de toneladas à produção siderúrgica brasileira, aumentando-a em 70%. Hoje, a capacidade instalada é de 34 milhões de toneladas.
A idéia é destinar o total da produção às exportações, o que geraria divisas de cerca de US$ 9 bilhões ao ano para o Brasil.
"O presidente do BNDES estava reclamando que não havia grandes projetos. Apresentamos o maior de todos. Tivemos dele a promessa de um apoio incondicional", disse o governador do Maranhão, José Reinaldo Tavares (PFL) após a reunião com o presidente do banco de fomento, Carlos Lessa, ontem.


Colaborou Sílvia Freire, da Agência Folha

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