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TRABALHO
Paralisação deve durar cinco dias; Petrobras oferece 6% de reajuste e pede reunião antes de movimento ser votado
Petroleiros iniciam hoje 1ª greve desde 95
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Os petroleiros decidiram iniciar
à 0h de hoje uma paralisação de
cinco dias, reivindicando reajuste
salarial. É a primeira greve da categoria desde 1995. De acordo
com a FUP (Federação Única dos
Petroleiros), cerca de 90% das
unidades da Petrobras aprovaram em assembléias a realização
da greve.
A categoria quer reajuste de
68,29%, incluindo reposição da
inflação de 12 meses, perdas acumuladas no Plano Real e ganhos
de produtividade. A Petrobras
ofereceu na sexta-feira um aumento de 6%.
"Essa proposta, na prática, representa uma perda de renda do
petroleiro, pois nem sequer repõe
a inflação do período [de 8,30%,
segundo o ICV/Dieese, índice solicitado pela entidade"", disse Antonio Carrara, diretor da FUP.
Entre as unidades que decidiram pela paralisação, estão as refinarias de Duque de Caxias (RJ),
Cubatão (SP), Paulínia (SP), terminais de distribuição da Petrobras no Estado de São Paulo e 35
plataformas da Bacia de Campos
-que concentra 80% da produção nacional de petróleo.
O Sindicato dos Petroleiros do
Norte Fluminense, que abrange a
Bacia de Campos, informa que é
uma greve com parada de produção nas plataformas, mas que os
procedimentos de segurança das
instalações estão garantidos.
Apesar da intenção de interromper a produção, o diretor da
FUP Antonio Carrara disse que
não haverá nenhum problema de
abastecimento de derivados de
petróleo durante a greve. "Existe
um estoque médio de 15 dias, que
garante o fornecimento normal,
sem nenhum risco."
A Petrobras informa que, por
uma questão estratégica, não divulga o volume dos seus estoques.
Reunião
A estatal informou ainda que
solicitou à FUP para não colocar
em votação a greve, aguardando
primeiro o resultado de uma reunião que será realizada hoje para
negociar o reajuste salarial.
Apesar de a categoria ter decidido pelo início do movimento, a
reunião está mantida para as 9h
de hoje, segundo a Petrobras.
Além da questão salarial, a FUP
tem outras reivindicações: redução da jornada de trabalho de 40
para 35 horas semanais para os
funcionários de setores administrativos, garantia ao "direito de
recusa" -que permite ao empregado interromper a sua atividade
em caso de risco grave- e participação majoritária dos trabalhadores na gestão da Petros, o fundo
de pensão dos funcionários da estatal.
"A questão da segurança é muito importante para nós. Existe
uma média inaceitável de duas
mortes por mês na Petrobras",
disse Carrara.
Segundo a Petrobras, o pleito do
"direito de recusa" foi aceito pela
empresa e informado na sexta à
federação dos petroleiros.
A greve dos petroleiros de 1995
durou 32 dias entre os meses de
maio e junho. A categoria voltou
ao trabalho sem obter sucesso nas
suas principais reivindicações.
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