São Paulo, quarta-feira, 24 de outubro de 2001

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

TRABALHO

Paralisação deve durar cinco dias; Petrobras oferece 6% de reajuste e pede reunião antes de movimento ser votado

Petroleiros iniciam hoje 1ª greve desde 95

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Os petroleiros decidiram iniciar à 0h de hoje uma paralisação de cinco dias, reivindicando reajuste salarial. É a primeira greve da categoria desde 1995. De acordo com a FUP (Federação Única dos Petroleiros), cerca de 90% das unidades da Petrobras aprovaram em assembléias a realização da greve.
A categoria quer reajuste de 68,29%, incluindo reposição da inflação de 12 meses, perdas acumuladas no Plano Real e ganhos de produtividade. A Petrobras ofereceu na sexta-feira um aumento de 6%.
"Essa proposta, na prática, representa uma perda de renda do petroleiro, pois nem sequer repõe a inflação do período [de 8,30%, segundo o ICV/Dieese, índice solicitado pela entidade"", disse Antonio Carrara, diretor da FUP.
Entre as unidades que decidiram pela paralisação, estão as refinarias de Duque de Caxias (RJ), Cubatão (SP), Paulínia (SP), terminais de distribuição da Petrobras no Estado de São Paulo e 35 plataformas da Bacia de Campos -que concentra 80% da produção nacional de petróleo.
O Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense, que abrange a Bacia de Campos, informa que é uma greve com parada de produção nas plataformas, mas que os procedimentos de segurança das instalações estão garantidos.
Apesar da intenção de interromper a produção, o diretor da FUP Antonio Carrara disse que não haverá nenhum problema de abastecimento de derivados de petróleo durante a greve. "Existe um estoque médio de 15 dias, que garante o fornecimento normal, sem nenhum risco."
A Petrobras informa que, por uma questão estratégica, não divulga o volume dos seus estoques.

Reunião
A estatal informou ainda que solicitou à FUP para não colocar em votação a greve, aguardando primeiro o resultado de uma reunião que será realizada hoje para negociar o reajuste salarial.
Apesar de a categoria ter decidido pelo início do movimento, a reunião está mantida para as 9h de hoje, segundo a Petrobras.
Além da questão salarial, a FUP tem outras reivindicações: redução da jornada de trabalho de 40 para 35 horas semanais para os funcionários de setores administrativos, garantia ao "direito de recusa" -que permite ao empregado interromper a sua atividade em caso de risco grave- e participação majoritária dos trabalhadores na gestão da Petros, o fundo de pensão dos funcionários da estatal.
"A questão da segurança é muito importante para nós. Existe uma média inaceitável de duas mortes por mês na Petrobras", disse Carrara.
Segundo a Petrobras, o pleito do "direito de recusa" foi aceito pela empresa e informado na sexta à federação dos petroleiros.
A greve dos petroleiros de 1995 durou 32 dias entre os meses de maio e junho. A categoria voltou ao trabalho sem obter sucesso nas suas principais reivindicações.



Texto Anterior: Brasil cresce apenas 1% em 2001, segundo previsão do Banco Mundial
Próximo Texto: Empresa propõe reunião e condena "atitude radical"
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.