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Juro dos bancos deve parar de cair, diz BC
Taxa média cobrada do consumidor recuou em setembro, mas no início deste mês voltou a subir, aponta levantamento
Para especialista, quedas dependerão da redução do "spread", diferença entre o custo de captação dos bancos e a taxa que cobram
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os juros dos financiamentos
bancários atingiram o nível
mais baixo em sete anos no mês
passado, mas a decisão do Banco Central em interromper o
processo de queda da taxa Selic
pode reverter essa tendência,
dificultando o acesso de empresas e pessoas físicas a empréstimos mais baratos.
Levantamento feito pelo BC
mostra que, entre agosto e setembro, os juros médios cobrados pelos bancos caíram de
35,7% ao ano para 35,5%, o menor valor já registrado desde
que a pesquisa começou a ser
feita, em junho de 2000. Foi o
oitavo mês consecutivo de queda nessa taxa.
Mas a reunião do Copom
(Comitê de Política Monetária
do BC) da semana passada deve
alterar esse quadro. Na ocasião,
os diretores do BC decidiram
"fazer uma pausa" nos cortes
da Selic que vinham sendo feitos desde 2005.
A taxa Selic serve de parâmetro para o custo que os bancos
têm para captar dinheiro no
mercado -para, posteriormente, emprestá-lo a seus clientes.
Por isso, a manutenção da taxa
tende a favorecer a estabilidade
dos juros bancários. "Movimentos de queda na taxa [cobrada pelos bancos] como se vinha observando não devem se repetir", diz o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes. Nos primeiros nove meses de 2007, o custo médio de um empréstimo caiu 4,3
pontos percentuais.
Neste começo de mês, dados
preliminares do BC já apontam
uma ligeira alta nos juros bancários. Nas operações fechadas
entre os dias 1º e 10, a taxa média ficou em 35,7% ao ano, 0,2
ponto percentual acima do valor apurado em setembro. A alta maior foi nos empréstimos a
empresas, cuja taxa subiu de
23,2% ao ano para 23,5%. Para
pessoas físicas, passou 46,3%
ao ano para 46,4%.
Para Ana Paula Higa, economista-sênior da Febraban, "os
juros devem passar por uma
acomodação" devido à interrupção da seqüência de quedas
da Selic, e o barateamento do
crédito a partir de agora vai depender da redução do chamado
"spread" bancário.
"Spread" é o nome dado à diferença entre o custo de captação dos bancos e a taxa cobrada
nos empréstimos. "Essa é uma
questão que depende de vários
fatores, como o nível de inadimplência, que é um dos que
mais pesam sobre o "spread'",
afirma Higa. No mês passado,
segundo o BC, 7,1% dos empréstimos bancários estavam
com parcelas atrasadas por pelo menos 90 dias -a proporção
estava em 7,5% em janeiro.
Se a inadimplência é alta, os
bancos podem ser levados a cobrar juros mais altos em seus
empréstimos, para compensar
perdas em eventuais calotes. A
argumentação apresentada pelas instituições financeiras é alvo de críticas por parte de alguns analistas. "Cada hora os
bancos alegam uma coisa diferente, mas a inadimplência está
caindo, e a renda está crescendo. Só que como o crédito está
em expansão e eles estão ganhando muito dinheiro, parece
que estão acomodados com a
situação", diz Emerson Kapaz,
consultor do Instituto para o
Desenvolvimento do Varejo.
Já Miguel Ribeiro de Oliveira, vice-presidente da Anefac
(Associação Nacional dos Executivos de Finanças), diz que os
juros bancários devem mesmo
ficar estáveis no curto prazo,
mas cita a compra do ABN Amro pelo Santander como evento
que pode elevar a competição
no setor, o que, no futuro, pode
se traduzir em juros mais baixos. "A tendência é que se tenha uma concorrência maior.
O Santander vai querer crescer
no mercado de crédito, e os outros vão ter que se mexer para
manter suas posições", afirma.
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