|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Até R$ 15 bi do FGTS servirão para subsidiar casa popular
Recursos pagarão até 2/3 da prestação de famílias com renda até 5 mínimos
Programa já é operado pelo Ministério das Cidades, mas com recursos de R$ 1 bi; ministro dos Transportes leva propostas a Lula
LEANDRA PERES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Ao antecipar ontem parte
das medidas de desoneração, o
ministro da Fazenda, Guido
Mantega, anunciou a criação de
um fundo de R$ 10 bilhões a R$
15 bilhões com recursos do
FGTS (Fundo de Garantia do
Tempo de Serviço) para subsidiar a habitação de baixa renda.
A idéia é que o governo pague
cerca de dois terços da prestação do financiamento habitacional de famílias com renda de
até cinco salários mínimos. Esse programa já é operado pelo
Ministério das Cidades, mas
tem um orçamento de pouco
mais de R$ 1 bilhão.
A idéia do governo é aplicar
em títulos públicos o dinheiro
do fundo a ser criado e usar o
rendimento para subsidiar a
prestação da casa própria.
"Estamos tentando fazer um
programa ousado. Mas não podemos ser ousados ao ponto de
ameaçar o equilíbrio das contas
públicas. Será ousadia com responsabilidade. Não adianta ousar e arrebentar com o que foi
conquistado nos últimos quatro anos", disse Mantega. Na
semana passada, Lula pediu
mais ousadia ao ministro.
As bondades tributárias preparadas pela área econômica
não significam, no entanto, que
o governo reduzirá a arrecadação. Das oito medidas anunciadas ontem por Mantega, só
duas terão impacto no caixa da
União, embora num valor ainda não divulgado.
Mantega falou em R$ 4 bilhões de desonerações, mas
elas se referem ao que a Receita
Federal deixará de arrecadar
em novos investimentos. Além
disso, as contas oficiais também incluem R$ 2,7 bilhões de
desonerações, em 2007, garantidas na Lei Geral da Micro e
Pequena Empresa, aprovada
nesta semana no Congresso, e
que já faziam parte das projeções oficiais antes do pacote do
crescimento pedido por Lula.
Entre as medidas anunciadas
ontem, a grande novidade é a
mudança no prazo de pagamento da contribuição ao INSS
e do PIS/Cofins. Hoje as empresas têm que pagar 20% do
valor de sua folha à Previdência
no dia 15 de cada mês. O PIS/
Cofins tem uma alíquota de
9,25% e é cobrado sobre o valor
agregado pela companhia a
seus produtos todo dia 2.
Mantega não quis revelar de
quanto será a ampliação do
prazo de pagamento. Com a
medida, as empresas conseguirão ficar com dinheiro em caixa
mais tempo, reduzindo a necessidade de financiamento.
Uma outra medida importante para as empresas é a desoneração da folha de pagamentos. Segundo o ministro, o
governo pretende criar um sistema em que as empresas cuja
despesa com salário ultrapassem um percentual ainda não
definido do faturamento tenham direito a compensar o
gasto com o INSS em outros
impostos federais.
Além de aliviar as necessidades de caixa das empresas, a
equipe econômica também
propôs desonerar novos investimentos. Para isso, vai reduzir
o prazo que as empresas têm
para abater de tributos devidos
os créditos que acumularam no
recolhimento do PIS/Cofins.
Essa mudança valerá para
duas operações. Quando as empresas adquirirem material para construir ou ampliar instalações de uma fábrica ou fizerem
um novo galpão para uma linha
de produção poderão abater o
PIS/Cofins que é pago na compra desses materiais num prazo
que vai variar de um ano e meio
a dois anos. A regra atual estabelece que essa compensação
seja feita entre 20 e 25 anos.
Quando comprarem máquinas
e equipamentos, também poderão usar o crédito do PIS/Cofins em 18 meses, em vez dos
atuais 24 meses. As mudanças
são para novos investimentos.
A lista dos bens de capital
(máquinas e equipamentos)
que não pagam IPI também será ampliada em 50 produtos,
subindo para cerca de 850.
Por último, Mantega anunciou que colocará em prática
um programa para apressar a
cobrança das dívidas do governo federal. Segundo ele, o prazo
médio de recebimento é de 16
anos, e a proposta em análise
reduz isso pela metade.
Infra-estrutura
Segundo o ministro dos
Transportes, Paulo Sérgio Passos, foi apresentada a Lula ontem uma carteira preliminar de
investimentos que devem ser
feitos no setor, mas ele não revelou os valores envolvidos na
proposta do ministério.
Lula pediu estudo para explicar por que as tarifas ferroviárias são relativamente elevadas
em relação ao transporte rodoviário. Segundo Passos, a reclamação é feita pelos plantadores
de soja, entre outros setores.
Indagado se o assunto tinha sido levado ao presidente pelo
governador reeleito de Mato
Grosso, Blairo Maggi (sem partido), disse não saber. Lula esteve com Maggi nesta semana.
Texto Anterior: Luiz Carlos Mendonça de Barros: Ainda o novo metabolismo Próximo Texto: Vinicius Torres Freire: Mundos e fundos no pacote luliano Índice
|