São Paulo, sexta-feira, 24 de novembro de 2006

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Desemprego fica estável, mas renda sobe

Geração de postos de trabalho se acomoda e taxa de desemprego fica em 9,8% em outubro, contra 10% de setembro

Inflação baixa, aumento do emprego formal e reajuste do mínimo fazem renda subir 1,2% no mês e 5,4% sobre outubro de 2005


PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Do ponto de vista da geração de novas vagas, o mercado de trabalho se acomodou em outubro e o resultado foi que a taxa de desemprego ficou em 9,8% -praticamente estável em relação a setembro (10%), segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Em outubro de 2005, havia sido de 9,6%. Já o rendimento manteve trajetória de recuperação e cresceu 1,2% ante setembro e 5,4% na comparação com outubro de 2005.
Passado o primeiro turno das eleições e seu forte impacto na criação de empregos, não foram gerados postos de trabalho em volume suficiente para fazer a taxa de desemprego cair significativamente em outubro, avalia Cimar Azeredo Pereira, gerente da Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE.
Depois de oscilar positivamente desde maio, o número de pessoas ocupadas ficou estagnado em outubro -variação negativa 0,2% (considerada estatisticamente estável pelo IBGE), ou de 38 mil pessoas. Em relação a outubro de 2005, a ocupação cresceu 2,9% (ou 580 mil pessoas).
"Os dados mostram um mercado de trabalho em acomodação de setembro para outubro, depois da forte geração de vagas no terceiro trimestre", diz Marcelo de Ávila, economista do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).
De setembro para outubro, o contingente de desempregados se reduziu em 49 mil pessoas -diminuição de 2,1%. Os desocupados somavam 2,244 milhões nas seis regiões.
"O mercado de trabalho não apresentou melhora, mas também não piorou. Não foram abertos postos de trabalho em volume suficiente para fazer a taxa de desemprego cair, mas o total de desempregados também não aumentou", disse Azeredo Pereira.
Essa é a tônica, diz, e prevaleceu ao longo de todo este ano, quando o emprego não cresceu significativamente, embora a renda tenha aumentado. Na média de janeiro a outubro de 2006, a taxa de desemprego ficou em 10,2%, praticamente no mesmo nível registrado em igual período de 2005 -10%.
Já o rendimento subiu, diz Pereira, na esteira do reajuste mais alto do salário mínimo neste ano (13% acima da inflação), da redução dos índices de preço e do crescimento do emprego formal, tipo de vínculo cuja remuneração é maior. Na média de 2006, a renda subiu 4,1% -R$ 1.029,1. Em outubro, foi estimada em R$ 1.046,50.
O emprego com carteira assinada cresceu 0,8% ante setembro e 6,7% na comparação com outubro de 2006. Em 12 meses, 536 mil pessoas passaram para a formalidade. Com isso, os trabalhadores com carteira representavam 41,5% do total de ocupados. Já o emprego sem carteira caiu 1,9% na comparação com setembro.
Se por um lado o reajuste do salário mínimo acima da inflação possibilitou a recuperação da renda do trabalhador, ampliou, por outro, o contingente de trabalhadores sub-remunerados. Eram 2,889 milhões nesse contingente em outubro de 2005 (14,4% do total de empregados). Passaram para 3,546 milhões no mesmo mês de 2006 (17,2% do total) -expansão de 22,7% de um período para outro.


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