São Paulo, terça-feira, 24 de novembro de 2009

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Microsoft negocia pagar por notícias da NewsCorp

Alvo é o agregador de notícias do Google, que, para Murdoch, "rouba reportagens"

Ideia partiu da NewsCorp, diz "FT", que propôs banir do buscador os conteúdos do grupo; Google diz que gera tráfego aos sites noticiosos

LUCIANA COELHO
DE GENEBRA

O bilionário da mídia Rupert Murdoch, dono do "Wall Street Journal" e do londrino "Times", negocia com a Microsoft a possibilidade de retirar o conteúdo de suas publicações do Google caso a empresa de Bill Gates lhe pague, noticiou ontem o "Financial Times".
Um eventual acordo pode mudar a discussão entre agregadores de notícias e jornais sobre um modelo de negócios viável, elevando a pressão para que os primeiros passem a pagar pelo conteúdo dos últimos.
Nenhuma das empresas comentou a notícia.
Murdoch ameaça reiteradamente tomar ações legais contra o agregador de notícias (serviço que reúne links para reportagens de várias fontes) do Google. Já a Microsoft, de olho na vantagem do rival entre os buscadores, poderia beneficiar seu recém-lançado serviço Bing com conteúdo exclusivo.
Segundo o FT, as negociações estão no começo e partiram da NewsCorp, de Murdoch. Mas o diário britânico menciona que outras empresas de mídia receberam propostas semelhantes, o que colocaria "grande valor sobre conteúdos, caso os sites de busca estejam preparados para pagar".

Copyright
O tema de copyright na União Europeia vem sendo acompanhado atentamente pela Comissão Europeia e pela WIPO, a Organização Mundial de Propriedade Intelectual.
Mas a jurisprudência ainda é escassa. A ofensiva de Murdoch e da Microsoft vem em um momento em que se debate a necessidade de uma legislação comum sobre o tema.
Em junho, o Conselho Europeu de Publishers e a Associação Mundial de Jornais lançaram a "Declaração de Hamburgo", que defende leis de propriedade intelectual para textos jornalísticos reproduzidos na internet. O documento foi endossado pela Folha e outros jornais brasileiros neste mês.
Ontem, a comissária para Mídia e Sociedade da Informação da UE, Viviane Reding, fez um alerta em um evento de telecomunicação em Barcelona.
"A disponibilidade de conteúdos atraentes será decisiva em futuras ofertas de aquisições e serviços de telecom", disse. "Logo, temos a responsabilidade de proteger os direitos autorais, sobretudo em um ambiente econômico e tecnológico em evolução, ao mesmo tempo que retiramos barreiras à disseminação de conteúdos."
Murdoch se tornou o defensor mais proeminente do copyright ao anunciar, em agosto, que passaria a cobrar pelo acesso on-line a suas publicações. Há duas semanas, voltou à carga contra o Google, ao qual acusa de "roubar reportagens".
Por ora seus jornais ainda estão no Google News, restritos a sumários. Mas o dono da NewsCorp não quer no agregador nem extratos dos textos. A WIPO avalia, não formalmente, que mesmo a exibição de sumários viola direitos autorais.
O Google não quis comentar o caso da NewsCorp, mas afirmou que seus sistemas de busca geram um "benefício real" ao direcionar tráfego a sites noticiosos e que "respeita os desejos dos donos do conteúdo", removendo-o quando solicitado.


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