|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Microsoft negocia pagar por notícias da NewsCorp
Alvo é o agregador de notícias do Google, que, para Murdoch, "rouba reportagens"
Ideia partiu da NewsCorp, diz "FT", que propôs banir do buscador os conteúdos do grupo; Google diz que gera tráfego aos sites noticiosos
LUCIANA COELHO
DE GENEBRA
O bilionário da mídia Rupert
Murdoch, dono do "Wall Street
Journal" e do londrino "Times", negocia com a Microsoft
a possibilidade de retirar o conteúdo de suas publicações do
Google caso a empresa de Bill
Gates lhe pague, noticiou ontem o "Financial Times".
Um eventual acordo pode
mudar a discussão entre agregadores de notícias e jornais sobre um modelo de negócios viável, elevando a pressão para
que os primeiros passem a pagar pelo conteúdo dos últimos.
Nenhuma das empresas comentou a notícia.
Murdoch ameaça reiteradamente tomar ações legais contra o agregador de notícias (serviço que reúne links para reportagens de várias fontes) do
Google. Já a Microsoft, de olho
na vantagem do rival entre os
buscadores, poderia beneficiar
seu recém-lançado serviço
Bing com conteúdo exclusivo.
Segundo o FT, as negociações estão no começo e partiram da NewsCorp, de Murdoch. Mas o diário britânico
menciona que outras empresas
de mídia receberam propostas
semelhantes, o que colocaria
"grande valor sobre conteúdos,
caso os sites de busca estejam
preparados para pagar".
Copyright
O tema de copyright na
União Europeia vem sendo
acompanhado atentamente pela Comissão Europeia e pela
WIPO, a Organização Mundial
de Propriedade Intelectual.
Mas a jurisprudência ainda é
escassa. A ofensiva de Murdoch
e da Microsoft vem em um momento em que se debate a necessidade de uma legislação comum sobre o tema.
Em junho, o Conselho Europeu de Publishers e a Associação Mundial de Jornais lançaram a "Declaração de Hamburgo", que defende leis de propriedade intelectual para textos jornalísticos reproduzidos
na internet. O documento foi
endossado pela Folha e outros
jornais brasileiros neste mês.
Ontem, a comissária para
Mídia e Sociedade da Informação da UE, Viviane Reding, fez
um alerta em um evento de telecomunicação em Barcelona.
"A disponibilidade de conteúdos atraentes será decisiva
em futuras ofertas de aquisições e serviços de telecom",
disse. "Logo, temos a responsabilidade de proteger os direitos
autorais, sobretudo em um ambiente econômico e tecnológico em evolução, ao mesmo
tempo que retiramos barreiras
à disseminação de conteúdos."
Murdoch se tornou o defensor mais proeminente do copyright ao anunciar, em agosto,
que passaria a cobrar pelo acesso on-line a suas publicações.
Há duas semanas, voltou à carga contra o Google, ao qual acusa de "roubar reportagens".
Por ora seus jornais ainda estão no Google News, restritos a
sumários. Mas o dono da
NewsCorp não quer no agregador nem extratos dos textos. A
WIPO avalia, não formalmente, que mesmo a exibição de sumários viola direitos autorais.
O Google não quis comentar
o caso da NewsCorp, mas afirmou que seus sistemas de busca geram um "benefício real"
ao direcionar tráfego a sites noticiosos e que "respeita os desejos dos donos do conteúdo", removendo-o quando solicitado.
Texto Anterior: Vaivém das commodities Próximo Texto: Agrofolha Custos podem dificultar maior qualidade no café Índice
|