|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FRAUDES DO CAPITAL
Itália aprova projeto de resgate que beneficia a empresa
Parmalat decide pedir concordata
DA REDAÇÃO
A Parmalat anunciou que entrará com um pedido de concordata. A decisão, amplamente esperada, ocorre no dia em que o
governo italiano lançou um plano
de resgate para a companhia.
O gabinete do premiê italiano,
Silvio Berlusconi, pôs ontem em
andamento uma intervenção administrativa na empresa. O socorro, que envolverá um aporte de
recursos ainda não definido, deverá enfrentar resistência para ser
aprovado pelas autoridades de
defesa da concorrência da Comissão Européia, a instância executiva da União Européia.
A Parmalat, oitavo maior grupo
industrial da Itália, emprega cerca
de 35 mil pessoas em 30 países. A
empresa não dispõe de caixa para
pagar seus débitos e admite ter
um buraco no balanço de 3,95
bilhões (cerca de R$ 15 bilhões).
Diretores são acusados de forjar
um documento em que aparecia
um depósito de 3,95 bilhões numa agência do Bank of America
nas Ilhas Cayman. Segundo o
banco, a conta nunca existiu.
Em decorrência da crise na Parmalat, o governo italiano aprovou
às pressas um decreto de lei que
estabelece novas regras para o
resgate de grandes empresas que
estejam em apuros financeiros. O
decreto entra em vigor hoje.
O gabinete do premiê Silvio
Berlusconi argumenta que uma
eventual falência da empresa,
além de significar uma grande
perda de empregos, acarretaria
uma crise de abastecimento de
leite e laticínios no país.
Segundo fontes do governo,
Enrico Bondi, o atual presidente
da empresa, continuará no comando e será nomeado interventor federal. Bondi, um especialista
em reestruturação empresarial,
assumiu a presidência na semana
passada, após a renúncia de Calisto Tanzi, o fundador do grupo.
Anteontem Tanzi e três antigos
diretores financeiros da empresa
foram indiciados e responderão a
processo criminal sob a acusação
de fraude contábil. Promotores
envolvidos na investigação dizem
que o rombo no balanço deve superar 7 bilhões.
Além da conta inexistente nas
Ilhas Cayman, a Parmalat informou em seu balanço a recompra
de 2,9 bilhões em títulos. A recompra, na verdade, não ocorreu,
dizem os promotores italianos.
Com a maquiagem contábil, a
empresa aparentava ter mais liquidez do que tinha realmente.
Mas, há duas semanas, enfrentou
dificuldades para pagar 150 milhões em títulos e desde então
mergulhou na crise que culmina
com o pedido de concordata.
Ontem ainda não havia detalhes
de como será o resgate. Mas a nova diretoria deverá dispor de dois
anos de proteção contra os credores para executar o plano.
A Itália pedirá à União Européia
que aprove o resgate argumentando que se trata de um estado
de emergência. A UE informou
que aguardará os detalhes do resgate para se pronunciar.
Texto Anterior: Opinião econômica: Um presente de Natal Próximo Texto: Energia: Preço do gás boliviano será reduzido Índice
|