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São Paulo, quarta-feira, 24 de dezembro de 2003

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FRAUDES DO CAPITAL

Itália aprova projeto de resgate que beneficia a empresa

Parmalat decide pedir concordata

DA REDAÇÃO

A Parmalat anunciou que entrará com um pedido de concordata. A decisão, amplamente esperada, ocorre no dia em que o governo italiano lançou um plano de resgate para a companhia.
O gabinete do premiê italiano, Silvio Berlusconi, pôs ontem em andamento uma intervenção administrativa na empresa. O socorro, que envolverá um aporte de recursos ainda não definido, deverá enfrentar resistência para ser aprovado pelas autoridades de defesa da concorrência da Comissão Européia, a instância executiva da União Européia.
A Parmalat, oitavo maior grupo industrial da Itália, emprega cerca de 35 mil pessoas em 30 países. A empresa não dispõe de caixa para pagar seus débitos e admite ter um buraco no balanço de 3,95 bilhões (cerca de R$ 15 bilhões).
Diretores são acusados de forjar um documento em que aparecia um depósito de 3,95 bilhões numa agência do Bank of America nas Ilhas Cayman. Segundo o banco, a conta nunca existiu.
Em decorrência da crise na Parmalat, o governo italiano aprovou às pressas um decreto de lei que estabelece novas regras para o resgate de grandes empresas que estejam em apuros financeiros. O decreto entra em vigor hoje.
O gabinete do premiê Silvio Berlusconi argumenta que uma eventual falência da empresa, além de significar uma grande perda de empregos, acarretaria uma crise de abastecimento de leite e laticínios no país.
Segundo fontes do governo, Enrico Bondi, o atual presidente da empresa, continuará no comando e será nomeado interventor federal. Bondi, um especialista em reestruturação empresarial, assumiu a presidência na semana passada, após a renúncia de Calisto Tanzi, o fundador do grupo.
Anteontem Tanzi e três antigos diretores financeiros da empresa foram indiciados e responderão a processo criminal sob a acusação de fraude contábil. Promotores envolvidos na investigação dizem que o rombo no balanço deve superar 7 bilhões.
Além da conta inexistente nas Ilhas Cayman, a Parmalat informou em seu balanço a recompra de 2,9 bilhões em títulos. A recompra, na verdade, não ocorreu, dizem os promotores italianos.
Com a maquiagem contábil, a empresa aparentava ter mais liquidez do que tinha realmente. Mas, há duas semanas, enfrentou dificuldades para pagar 150 milhões em títulos e desde então mergulhou na crise que culmina com o pedido de concordata.
Ontem ainda não havia detalhes de como será o resgate. Mas a nova diretoria deverá dispor de dois anos de proteção contra os credores para executar o plano.
A Itália pedirá à União Européia que aprove o resgate argumentando que se trata de um estado de emergência. A UE informou que aguardará os detalhes do resgate para se pronunciar.


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