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LUÍS NASSIF
FX a e Embraer
Na coluna de ontem
apresentei os argumentos
dos representantes do russo Sukhoi na licitação FX da FAB.
Vamos aos contraargumentos
da Embraer.
Segundo ela, a casa Sukhoi é
projetista de avião. Conforme
explicado na coluna de ontem,
o setor na Rússia é composto
por uma infinidade de escritórios de projetos e de fábricas
atuando isoladamente. A indústria russa está em processo
inicial de consolidação apenas.
As ressalvas nunca foram
contra os projetos russos, mas
contra a indústria russa. Prova
foram os sucessivos desastres
ocorridos com sua aviação comercial.
Essa dispersão cria problemas da seguinte ordem. O projeto é de uma empresa, a fabricação é de outra, quem vende e
dá assistência é outra, a holding Rosoboronexport. Mais
ainda. A Sukhoi tem vários
modelos de avião, o 27 e o 30,
com produção seriada. Como
projeto, o Sukhoi-35 representa
um avanço em relação ao 30,
que tem eletrônica analógica.
Só que ainda é um protótipo,
com apenas cinco unidades
operando no mundo. Se nenhum país ainda o adquiriu, se
não existe uma frota, mas apenas as 12 encomendas da FAB,
não há nenhuma garantia de
que haveria processo industrial
contínuo, o que criaria risco de
logística e de transferência de
tecnologia.
Por exemplo, quem garante
que a mesma peça, o mesmo
parafuso, o mesmo processo será mantido no futuro, se não
existe a produção seriada? O
produto seriado tem visão de
assistência ao longo da vida, a
continuidade das peças. O Gripen tem 160 aviões produzidos,
o Mirage 2000, quase 700.
Outro ponto levantado é que,
até por causa da Guerra Fria,
os russos projetavam produtos
com tempo de vida curto porque, mais cedo ou mais tarde,
seriam destruídos. O motor do
Sukhoi-35 exige manutenção a
cada 300 horas, contra mais de
2.000 horas do Mirage 2000
BR, diz a Embraer. A diferença
significa um custo de manutenção expressivamente maior.
O terceiro ponto é em relação
ao nível tecnológico do Mirage
2000 BR, que é de categoria inferior às do Rafale e do F-16,
por exemplo. Na verdade, as
modificações tecnológicas não
ocorrem nas máquinas em si,
mas nos sistemas eletrônicos,
explica a Embraer. O Rafale é
uma máquina maior, com
duas turbinas, mas não significa que seja tecnologicamente
mais avançada.
Embora a Índia não tenha
cancelado as compras do Sukhoi-30, conforme andou sendo noticiado, existe um relatório da Auditoria Geral da Índia (que faz a auditoria do
Executivo e do Legislativo)
apontando diversos problemas
no contrato com os russos. O
Su-30 só servia para defesa, enquanto o acordo com o ministério previa uma adaptação
para se tornar multifuncional.
A promessa era que essa adaptação seria feita por desenvolvedores indianos. Mas depois
da compra, descobriram-se incompatibilidades tecnológicas.
Uma parte do sistema eletrônico era incompatível com as
normas indianas de ambiente
e a performance do radar ficou
muito abaixo das expectativas.
O sistema de navegação não tinha precisão, a capacidade para carregar armas era muito limitada e os sistemas de controle de armas eram muito pouco
integrados.
O relatório está no endereço:
www.cagindia.org/reports/defence/2000-book1/index.htm
E-mail -
Luisnassif@uol.com.br
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