São Paulo, quarta-feira, 25 de janeiro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

TRABALHO

Desconto no salário valerá a partir de fevereiro; renúncia fiscal será de R$ 2,5 bi

Tabela do IR para pessoas físicas terá reajuste de 8%

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo anunciou o reajuste da tabela do Imposto de Renda das pessoas físicas em 8%. Segundo o ministro Luiz Marinho (Trabalho), o desconto do IR no contracheque do trabalhador valerá a partir do salário de fevereiro.
Uma medida provisória deverá ser editada nos próximos dias com a correção da tabela, que representará uma renúncia fiscal de R$ 2,5 bilhões para União, Estados e municípios. A correção também será aplicada a deduções com educação e dependentes.
O ministro explicou que, nesse caso, o reajuste é válido para os 12 meses de 2006. Essas deduções são calculadas no momento em que o contribuinte faz a declaração de ajuste anual, o que só acontecerá no próximo ano para os rendimentos deste ano. Quando o trabalhador fizer a sua declaração do IR, terá um limite maior para a dedução desses gastos.
Apesar de o ministro ter garantido que a vigência da nova tabela será a partir de fevereiro, os sindicalistas deixaram confusos a reunião com o governo. A Força Sindical estava convencida de que o aumento valeria a partir do mês que vem, enquanto a CUT dizia que seria retroativa a janeiro.
Na reunião com os sindicalistas, o governo também se comprometeu a voltar a discutir a correção da tabela neste ano. A intenção é zerar a inflação acumulada ao longo dos quatro anos da gestão Lula. No ano passado, a tabela foi reajustada em 10%. Com a correção de mais 8%, ainda restam 4,6% a serem aplicados, além da inflação deste ano. No governo do presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), a tabela de Imposto de Renda foi reajustada em 2002 em 17,5%.
Segundo cálculos da Unafisco (sindicato dos auditores fiscais), para repor integralmente os efeitos da inflação (IPCA) desde 1996, ano em que a tabela deixou de ser corrigida periodicamente, ainda é necessária uma correção de 46%, além dos 8% anunciados ontem.
A equipe econômica é contra a correção da tabela de IR por avaliar que se trata de uma volta aos tempo da indexação. A Receita Federal sempre destaca que apenas 7% dos brasileiros pagam Imposto de Renda e defendem a ampliação da base de contribuintes -o que é feito automaticamente com o congelamento da tabela.
Diferentemente da visão da equipe econômica, Marinho discordou ontem de que a correção do IR represente renúncia fiscal. "Significa uma injeção de recursos na economia", disse.
Inicialmente, o governo propôs reajustar a tabela em 7%, pois seria uma forma de garantir aumento maior para o mínimo. As centrais sindicais, porém, pressionavam por correção de 13%. Depois recuaram para 10% e, finalmente, fincaram o pé em 8%.


Texto Anterior: No dia-a-dia: Poder de compra tem recuperação lenta
Próximo Texto: Opinião econômica - Roberto Teixeira da Costa: Ainda Mercosul
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.