São Paulo, Quinta-feira, 25 de Fevereiro de 1999
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Mercado recebe bem a intervenção

da Reportagem Local

A intervenção do Banco Central no câmbio foi bem recebida pelo mercado.
Na avaliação de operadores e economistas de instituições financeiras, a atuação do BC nos últimos dois dias conseguiu reduzir a volatilidade das cotações da moeda norte-americana e o nervosismo do mercado, e sem grandes perdas de reservas.
Embora tenha seguido um mesmo padrão nos dois dias, cotando a moeda por meio dos bancos que operam em seu nome ("dealers"), o BC não deve fazer intervenções permanentes para manter o dólar na faixa dos R$ 2, avalia Joaquim Elói Cirne de Toledo, vice-presidente de finanças da Nossa Caixa.
Para Toledo, o dólar deve continuar subindo mais depressa do que a inflação, inviabilizando tentativas do BC de segurar as cotações. "As intervenções diretas só dão certo no curtíssimo prazo."
Intervenções pontuais para evitar variações abruptas da taxa de câmbio são aceitáveis. Mas tentativas de segurar tendências são desaconselhadas, diz Guilherme Paiva, economista do banco Bozano, Simonsen. "É muito difícil até em economias estáveis."
Paiva acredita que esse tipo de atuação deve se manter até que o dólar encontre o seu patamar de preço em reais. Ele calcula que essa estabilização não deve ocorrer em menos de quatro meses, o prazo mais curto verificado em países que passaram por crises cambiais semelhantes.
A intervenção recebeu apoio de economistas e empresários.
Affonso Celso Pastore, ex-presidente do Banco Central, disse que "intervenções episódicas para corrigir movimentos exacerbados vão acontecer daqui para a frente e não há contra-indicação".
Segundo o economista, essas intervenções eliminam distorções e o Banco Central gasta menos reservas do que na política cambial anterior, de minibandas.
O importante, diz ele, é que o ponto de equilíbrio da taxa de câmbio continuará sendo determinado pelo mercado, a não ser que o Banco Central se disponha a gastar reservas para manter o câmbio no patamar escolhido.
O ex-deputado Roberto Campos também apoiou a intervenção do BC, que, segundo ele, "deve corrigir movimentos desordenados da taxa de câmbio".
No entanto, Campos afirma que o BC não deve tentar fixar um novo patamar para o real.
O empresário Antonio Ermírio de Moraes, vice-presidente do conselho administrativo do grupo Votorantim, avaliou como positiva a intervenção no mercado de câmbio, mas duvida da eficácia da medida no longo prazo.
Ermírio de Moraes acredita que o valor do dólar em relação ao real só poderá estabilizar-se com a retomada das exportações.


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