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Mercado recebe bem a intervenção
da Reportagem Local
A intervenção do Banco Central
no câmbio foi bem recebida pelo
mercado.
Na avaliação de operadores e
economistas de instituições financeiras, a atuação do BC nos últimos
dois dias conseguiu reduzir a volatilidade das cotações da moeda
norte-americana e o nervosismo
do mercado, e sem grandes perdas
de reservas.
Embora tenha seguido um mesmo padrão nos dois dias, cotando
a moeda por meio dos bancos que
operam em seu nome ("dealers"),
o BC não deve fazer intervenções
permanentes para manter o dólar
na faixa dos R$ 2, avalia Joaquim
Elói Cirne de Toledo, vice-presidente de finanças da Nossa Caixa.
Para Toledo, o dólar deve continuar subindo mais depressa do
que a inflação, inviabilizando tentativas do BC de segurar as cotações. "As intervenções diretas só
dão certo no curtíssimo prazo."
Intervenções pontuais para evitar variações abruptas da taxa de
câmbio são aceitáveis. Mas tentativas de segurar tendências são desaconselhadas, diz Guilherme Paiva, economista do banco Bozano,
Simonsen. "É muito difícil até em
economias estáveis."
Paiva acredita que esse tipo de
atuação deve se manter até que o
dólar encontre o seu patamar de
preço em reais. Ele calcula que essa
estabilização não deve ocorrer em
menos de quatro meses, o prazo
mais curto verificado em países
que passaram por crises cambiais
semelhantes.
A intervenção recebeu apoio de
economistas e empresários.
Affonso Celso Pastore, ex-presidente do Banco Central, disse que
"intervenções episódicas para corrigir movimentos exacerbados vão
acontecer daqui para a frente e não
há contra-indicação".
Segundo o economista, essas intervenções eliminam distorções e
o Banco Central gasta menos reservas do que na política cambial
anterior, de minibandas.
O importante, diz ele, é que o
ponto de equilíbrio da taxa de
câmbio continuará sendo determinado pelo mercado, a não ser que o
Banco Central se disponha a gastar
reservas para manter o câmbio no
patamar escolhido.
O ex-deputado Roberto Campos
também apoiou a intervenção do
BC, que, segundo ele, "deve corrigir movimentos desordenados da
taxa de câmbio".
No entanto, Campos afirma que
o BC não deve tentar fixar um novo
patamar para o real.
O empresário Antonio Ermírio
de Moraes, vice-presidente do
conselho administrativo do grupo
Votorantim, avaliou como positiva a intervenção no mercado de
câmbio, mas duvida da eficácia da
medida no longo prazo.
Ermírio de Moraes acredita que
o valor do dólar em relação ao real
só poderá estabilizar-se com a retomada das exportações.
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