São Paulo, sexta-feira, 25 de março de 2005

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Para analistas, pode haver nova elevação da Selic

SANDRA BALBI
MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL

A maioria dos analistas do mercado financeiro e de consultorias concluiu da leitura da ata do Copom, divulgada ontem, que o ciclo de alta dos juros pode ter chegado ao fim. No entanto, caso o cenário internacional continue piorando - com uma eventual aceleração dos juros americanos- a taxa básica de juros, a Selic, prosseguirá seu movimento de alta, dizem os analistas.
A interpretação da consultoria LCA destoa do conjunto do mercado. A ata do Copom, apesar de "benigna e com um tom moderado e tranqüilizador", não selou o fim da puxada nos juros iniciada em setembro do ano passado", diz a LCA. A consultoria mantém sua projeção de um novo aumento de 0,25 ponto percentual na taxa, na próxima reunião do Copom, em abril.
Os economistas que tentavam ontem antever os próximos passos da política monetária, a partir do texto divulgado pelo Banco Central, são unânimes em afirmar que o documento apontou melhoras tanto na trajetória da inflação corrente como nas projeções de inflação. Para Luis Fernando Lopes, economista do Pátria Banco de Negócios, o BC olhou mais para a projeção de inflação para 2006, que está sob controle, do que 2005.
"A ata nunca menciona a projeção de inflação do próximo ano já no primeiro trimestre. O BC está com muita vontade de parar de subir juros. Minha avaliação é que o Copom passou a esperar a desaceleração gradual dos juros para este ano", afirma.
O relatório de mercado do Bradesco também cita a menção às previsões de inflação para 2006. "Vale notar que o Copom migrou para um foco na inflação dos próximos 12 meses, em vez de se basear somente no objetivo de 5,1% para 2005", diz.
Para Julio Gomes de Almeida, diretor-executivo do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), "neste momento temos de concordar com a avaliação do BC: o cenário externo piorou, mas é uma deterioração relativa pois os EUA ainda não aceleraram o aumento da sua taxa de juros".
Essa constatação, segundo ele, só mostra que o BC se precipitou ao iniciar um processo de alta dos juros em setembro do ano passado - iniciativa que só agora poderia ser necessária. "O nível atual dos juros é elevado para qualquer situação, não há necessidade de novos aumentos por conta da piora do cenário externo", afirma.


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