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Risco acumula alta de 25% neste ano
SÉRGIO RIPARDO
DA FOLHA ONLINE
O risco Brasil, termômetro da
desconfiança do investidor estrangeiro na capacidade de o país
pagar sua dívida, acumulou uma
alta de 10% nesta semana e de
25% no ano. Só ontem, o indicador subiu 3,6%, atingindo 480
pontos, o patamar mais elevado
desde outubro de 2004.
Essa disparada do risco reflete a
desvalorização dos títulos da dívida externa brasileira, como o C-Bond e o Global 40, e as mudanças
realizadas nas carteiras de grandes investidores, que estão preferindo comprar papéis do Tesouro
dos EUA.
Nas últimas semanas, grandes
bancos e fundos desovaram papéis brasileiros no mercado, que
desabaram para o preço mais baixo desde setembro do ano passado. Por exemplo, as principais
instituições financeiras norte-americanas como JP Morgan e
Merrill Lynch recomendaram nos
últimos dias a seus clientes que reduzam suas aplicações em títulos
de países emergentes, como o
Brasil.
"Há uma corrida para ativos de
qualidade, com menor risco para
o investidor. Isso gera no mercado um medo de fuga de capitais
nos países emergentes", disse o
analista da corretora Comex Alessandro Malagutti.
Com a maior procura por títulos do Tesouro dos EUA, o rendimento desse papel subiu muito
nas últimas semanas e alcançou
seu maior patamar em dez meses
(acima de 4,60%).
Esse movimento ocorre porque
os economistas desconfiam que o
Fed (Federal Reserve, o banco
central americano) vai em breve
elevar o ritmo de alta dos juros da
maior economia do mundo, depois de ter alertado para o aumento das pressões inflacionárias. Na
quarta-feira passada, o juro subiu
pela sétima vez consecutiva e está
em 2,75% ao ano.
Ontem, houve um dia de trégua
no mercado após as turbulências
dos últimos dois pregões. O dólar
caiu 0,36%, cotado a R$ 2,74. A
Bovespa subiu 1,73%. Na BM&F,
os juros futuros recuaram após a
divulgação da ata do Copom (Comitê de Política Monetária), que
adotou um tom mais ameno, embora tenha ressaltado estar atento
ao cenário externo mais nebuloso. O IPCA-15 de março, uma prévia da inflação oficial no mês, ficou em 0,35%, quase a metade do
registrado no mês anterior
(0,74%).
""Por ter uma dinâmica diferente, o risco Brasil não seguiu o clima mais calmo no mercado doméstico", disse Alexandre Vasarhely, do banco ING.
O risco-país é calculado pelo
banco norte-americano JP Morgan, que usa a média do rendimentos dos títulos da dívida externa e compara com as taxas pagas pelos papéis do Tesouro dos
EUA, considerados como de risco
zero de calote.
Na prática, um patamar mais
baixo do risco favorece empresas
e bancos que tomam dinheiro
emprestado no exterior, pois esse
indicador serve para balizar o custo dos financiamentos, como nas
captações de recursos por meio
da emissão de bônus.
Durante as turbulências com a
eleição presidencial em 2002, o
risco Brasil chegou a superar
2.400 pontos. Já o menor da história foi de 337 pontos, em outubro
de 97
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