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São Paulo, sexta-feira, 25 de abril de 2003

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Categorias expõem racha na CUT

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

Mais duas categorias de trabalhadores ligadas à CUT (Central Única dos Trabalhadores) -bancários e químicos- deflagraram campanha salarial de emergência para repor perdas provocadas pela inflação. Os bancários, com data-base em setembro, querem reposição de 15%. Os químicos, com datas-bases que vão de setembro a novembro, reivindicam algo perto de 10% -esse percentual ainda será estabelecido.
A decisão dessas categorias de correr atrás da reposição dos salários expôs um racha na CUT.
A Federação Estadual dos Metalúrgicos, ligada à central, pleiteia a reposição por meio de abono salarial. Na quarta-feira, a federação, que reúne 13 sindicatos (250 mil trabalhadores), fechou acordo com as montadoras de veículos para pagamento de abono de R$ 900 para cerca de 43 mil trabalhadores. Essa proposta será levada ainda para discussão entre os empregados na próxima semana.
A ala mais radical da CUT, comandada por José Maria de Almeida, membro da executiva nacional da central e presidente do PSTU, já fala em gatilho salarial cada vez que a inflação bater em 3%. Almeida tem mais força entre os sindicatos de metalúrgicos de São José dos Campos e região e em parte dos de Minas Gerais.
Entre os sindicatos ligados à CUT não há união em torno das reivindicações salariais. A Folha apurou que a decisão da federação dos metalúrgicos de optar pelo abono salarial foi criticada por representantes de outras categorias. Isso aconteceu sobretudo depois que os metalúrgicos ligados à Força Sindical conseguiram -com negociações e ameaças de greve- antecipação de 10%.
A campanha dos bancários será nacional, informa João Vaccari, presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região. Cerca de 120 sindicatos, que representam 80% dos bancários no país, estão sendo convocados para a campanha emergencial de reajuste salarial. A mobilização da categoria para aumento salarial geralmente começa em julho.
A Confederação Nacional dos Químicos, que representa 78 sindicatos (papel, vidro, farmacêutico, plástico, químico) no país, também quer a reposição da inflação a partir das datas-bases dos trabalhadores até agora. A proposta já foi encaminhada aos sindicatos patronais, que estão avaliando a reivindicação.
"Nós somos contra gatilho salarial, até porque torcemos para que a inflação caia. O que queremos é negociar a reposição sem greve", afirma Edilson de Paula Oliveira, da coordenação nacional da confederação e indicado para presidir a CUT-SP.
Adi dos Santos Lima, presidente da federação dos metalúrgicos, diz que o abono repõe perdas e possibilita a reposição cheia da inflação na data-base da categoria. O abono de R$ 900 acertado com as montadoras será pago em duas vezes -em maio e julho.
João Felício, presidente da CUT, diz que a direção da central entende que as categorias devem fazer campanha de antecipação salarial para repor perdas com a inflação, mas cada uma delas deve definir a forma para diminuir o impacto inflacionário no bolso do trabalhador -abono, antecipação salarial ou participação nos lucros e resultados. "É claro que é sempre melhor a antecipação salarial."
A diretoria da CUT-SP, que está reunida em um congresso em São Pedro (SP), pretendia divulgar hoje na cidade uma campanha salarial unificada para as categorias com data-base no primeiro semestre -a principal reivindicação é a reposição da inflação. No final da tarde, encaminhou nota cancelando o anúncio.


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