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Por meta fiscal, teto de dívida de Estado será mantido, diz Mantega
Governadores queriam dobrar limite; União estuda ajuda até via BNDES
CLÁUDIA DIANNI
LEANDRA PERES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Um dia depois de admitir que
o governo estuda alternativa
para a situação fiscal dos Estados, que incluiria o possível aumento do teto de endividamento, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que o governo não vai abrir mão de cumprir a meta de superávit fiscal e,
portanto, não tem como aprovar o pedido dos governadores.
A conta, segundo ele, seria de
R$ 140 bilhões e, por isso, prefere discutir outras medidas.
No início do ano, os governadores apresentaram uma pauta
de reivindicações ao governo
federal que incluía a possibilidade de elevar o teto de endividamento dos Estados de uma
para duas vezes o total da receita líquida anual. "É uma decisão de governo, e não do Ministério da Fazenda", afirmou
Mantega.
Apesar disso, o governo federal já tomou a decisão de ajudar
os Estados a arrumar novas
fontes de receita para aliviar o
aperto fiscal. O próprio secretário do Tesouro Nacional, Tarcísio Godoy, afirmou que a
"orientação" do governo, "é
atender o máximo possível" as
propostas dos governadores
que sejam baseadas na responsabilidade fiscal.
Segundo a Folha apurou, a
tendência é que isso seja feito
em operações individuais, discutindo a necessidade de cada
governador. Essa saída deverá
prevalecer nos casos em que
haja impacto fiscal.
É o caso, por exemplo, da
concessão de aval em operações de empréstimo externo e
da liberação de garantias que
os Estados depositaram quando foi feita a renegociação da
dívida externa, em 1994. Essa
proposta é defendida pelo governador Aécio Neves (PSDB-MG). O governo federal também considera ajuda via
BNDES (Banco Nacional do
Desenvolvimento Econômico e
Social).
Mais dívida
"Muitos Estados seriam beneficiados por esse aumento de
margem, a maioria. O impacto
seria de R$ 140 bilhões se liberássemos essa possibilidade.
Evidentemente, vocês percebem que nós não vamos aprovar isso", disse a jornalistas.
Para ele, se aprovada a proposta dos governadores, São
Paulo teria espaço para aumento adicional da dívida de R$ 6,5
bilhões, o Rio, de R$ 7 bilhões e
a Bahia, de R$ 14 bilhões.
A lei nš 9.496, de 1997, que
orientou a reestruturação das
dívidas dos Estados, estabeleceu que a relação dívida/receita
seria de um para um.
O aumento das dívidas para
duas vezes a receita não fere a
Lei de Responsabilidade Fiscal,
que permite esse teto, mas produziria um rombo nas contas
do governo ou o desequilíbrio
dos gastos entre os Estados e o
governo federal.
"Não quer dizer que eu vá
concordar com isso. Estamos
analisando em profundidade e
estudando o impacto que isso
causaria nas contas públicas. O
impacto nas contas do governo
federal seria grande porque, se
aumenta o gasto estadual, diminui o resultado primário [superávit primário] deles, que é
de 1,1% aproximadamente e vai
cair para algo como 0,9% do
PIB. Temos de tomar cuidado
porque nós é que vamos pagar a
conta. Se eles gastam mais, temos de gastar menos", disse.
Mantega sugere adotar medidas com menor impacto. "Vamos facilitar aqueles itens que
não impliquem endividamento
primário, gasto primário adicional e continuar cumprindo
as metas de superávit primário.
E, para que isso aconteça, significa que nós vamos fazer nossa
parte, e os Estados também fazem a parte deles".
Yeda Crusius
Ontem, o ministro Mantega
recebeu a governadora do Rio
Grande do Sul, Yeda Crusius
(PSDB). O Estado tem a pior situação fiscal do país, com dívidas de R$ 33 bilhões, equivalente a duas vezes e meia a receita líquida.
A governadora pediu a Mantega autorização para negociar
uma operação financeira com o
Banco Mundial para reestruturar as dívidas do Estado com o
objetivo de reduzir os encargos,
com juros menores, o que é
permitido pela Lei de Responsabilidade Fiscal.
Ela também cobrou o início
do ressarcimento pelas obras
feitas nas estradas federais do
Estado e previsão sobre os créditos da Lei Kandir. Em troca,
ofereceu apoio à reforma tributária e à regulamentação da Lei
de Responsabilidade Fiscal. Segundo ela, não há necessidade
de aumentar o limite de endividamento dos Estados.
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