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Liberdade tarifária barateou passagens para América do Sul
Trechos para seis destinos do continente ficaram de 20% a 50% mais baratos com fim da política de preço mínimo
Estudo encomendado pelas aéreas afirma que, se a medida for ampliada para destinos do resto do mundo, brasileiras terão de demitir
SAMANTHA LIMA
DA SUCURSAL DO RIO
A liberação das tarifas aéreas
para a América do Sul, em setembro do ano passado, acirrou
a concorrência entre as companhias e ajudou a baixar os preços dos bilhetes aéreos em cinco de seis voos com destino a
capitais dos países vizinhos que
saem de São Paulo. A crise também ajudou a derrubar tarifas,
segundo especialistas.
Levantamento realizado pela
Folha mostra que as passagens
ficaram abaixo do antigo preço
mínimo para quem embarca
para Buenos Aires, Santiago,
Lima, Caracas e Bogotá. Os
descontos variam de 20% a
50% (este, no caso de Lima).
A pesquisa foi realizada nos
sites das companhias, com saída prevista para 10 de julho e
retorno em 25 de julho, entre
São Paulo e as seis maiores capitais sul-americanas. Foram
selecionadas as tarifas mais
baixas disponíveis ontem, convertidas ao dólar de R$ 2,21.
A extinção dos preços mínimos para esses destinos foi o
início do processo de liberdade
tarifária para viagens internacionais no Brasil. Dando continuidade a ele, a Anac (Agência
Nacional de Aviação Civil) iniciou a liberação de preços para
voos para o resto do mundo. As
tarifas internacionais estarão
totalmente livres em um ano.
"A liberdade tarifária ajudou
na queda dos preços na América do Sul, mas muitas companhias que investiram em frotas
novas foram surpreendidas pela crise. Para encher avião, só
resta baixar preços", diz Respício Espírito Santo, presidente
do Instituto Cepta, que acompanha o setor aéreo.
Dos destinos pesquisados
pela Folha, apenas nas viagens
para Montevidéu a concorrência entre as empresas não reduziu preços: ninguém vende
passagem abaixo do antigo piso
de US$ 379, embora a cidade
receba seis das sete empresas
pesquisadas. Das companhias
brasileiras, a Gol é a que tem se
mostrado a mais competitiva,
com a melhor tarifa em dois de
seis destinos (veja quadro).
Da mesma forma, a TAM viaja de São Paulo para cinco cidades, mas só para Lima tem a
melhor tarifa. Empresas de vizinhos não levaram vantagem:
Aerolíneas Argentinas, Lan,
Taca e Avianca não vendem as
passagens mais baratas para,
respectivamente, Buenos Aires, Santiago, Lima e Bogotá.
Para o especialista Espírito
Santo, os preços ainda são elevados porque a demanda ainda
é pequena. "Só agora o brasileiro está descobrindo os países
vizinhos, mas é preciso que os
governos e empresas incentivem o turismo na região", diz.
Procuradas, TAM, Gol, Taca
e Pluna orientaram os clientes
a procurar outras datas próximas às pretendidas, para que
encontrem descontos maiores.
Lan e Avianca não quiseram
comentar. Na Aerolíneas, ninguém foi encontrado.
Concorrência
Estudo da consultoria Bain &
Company encomendado pelo
Snea (Sindicato Nacional das
Empresas de Aviação) afirma
que as companhias aéreas brasileiras estão entre as mais
competitivas do mundo, mas
não têm como suportar a concorrência das estrangeiras com
o fim do preço mínimo para
viagens internacionais.
Assim, teriam de abdicar de
rotas e demitir funcionários.
Ao comentar o estudo, o diretor da Anac Marcelo Guaranys
afirmou que o efeito obtido foi
o oposto do pretendido pelo
Snea. "O preço do combustível
aqui vale para as brasileiras e
para as estrangeiras, que são
obrigadas a abastecer antes de
seguir voo. Outros custos são
compensados pela maior competitividade das brasileiras."
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