São Paulo, sábado, 25 de abril de 2009

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Liberdade tarifária barateou passagens para América do Sul

Trechos para seis destinos do continente ficaram de 20% a 50% mais baratos com fim da política de preço mínimo

Estudo encomendado pelas aéreas afirma que, se a medida for ampliada para destinos do resto do mundo, brasileiras terão de demitir


SAMANTHA LIMA
DA SUCURSAL DO RIO

A liberação das tarifas aéreas para a América do Sul, em setembro do ano passado, acirrou a concorrência entre as companhias e ajudou a baixar os preços dos bilhetes aéreos em cinco de seis voos com destino a capitais dos países vizinhos que saem de São Paulo. A crise também ajudou a derrubar tarifas, segundo especialistas.
Levantamento realizado pela Folha mostra que as passagens ficaram abaixo do antigo preço mínimo para quem embarca para Buenos Aires, Santiago, Lima, Caracas e Bogotá. Os descontos variam de 20% a 50% (este, no caso de Lima).
A pesquisa foi realizada nos sites das companhias, com saída prevista para 10 de julho e retorno em 25 de julho, entre São Paulo e as seis maiores capitais sul-americanas. Foram selecionadas as tarifas mais baixas disponíveis ontem, convertidas ao dólar de R$ 2,21.
A extinção dos preços mínimos para esses destinos foi o início do processo de liberdade tarifária para viagens internacionais no Brasil. Dando continuidade a ele, a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) iniciou a liberação de preços para voos para o resto do mundo. As tarifas internacionais estarão totalmente livres em um ano.
"A liberdade tarifária ajudou na queda dos preços na América do Sul, mas muitas companhias que investiram em frotas novas foram surpreendidas pela crise. Para encher avião, só resta baixar preços", diz Respício Espírito Santo, presidente do Instituto Cepta, que acompanha o setor aéreo.
Dos destinos pesquisados pela Folha, apenas nas viagens para Montevidéu a concorrência entre as empresas não reduziu preços: ninguém vende passagem abaixo do antigo piso de US$ 379, embora a cidade receba seis das sete empresas pesquisadas. Das companhias brasileiras, a Gol é a que tem se mostrado a mais competitiva, com a melhor tarifa em dois de seis destinos (veja quadro).
Da mesma forma, a TAM viaja de São Paulo para cinco cidades, mas só para Lima tem a melhor tarifa. Empresas de vizinhos não levaram vantagem: Aerolíneas Argentinas, Lan, Taca e Avianca não vendem as passagens mais baratas para, respectivamente, Buenos Aires, Santiago, Lima e Bogotá.
Para o especialista Espírito Santo, os preços ainda são elevados porque a demanda ainda é pequena. "Só agora o brasileiro está descobrindo os países vizinhos, mas é preciso que os governos e empresas incentivem o turismo na região", diz.
Procuradas, TAM, Gol, Taca e Pluna orientaram os clientes a procurar outras datas próximas às pretendidas, para que encontrem descontos maiores. Lan e Avianca não quiseram comentar. Na Aerolíneas, ninguém foi encontrado.

Concorrência
Estudo da consultoria Bain & Company encomendado pelo Snea (Sindicato Nacional das Empresas de Aviação) afirma que as companhias aéreas brasileiras estão entre as mais competitivas do mundo, mas não têm como suportar a concorrência das estrangeiras com o fim do preço mínimo para viagens internacionais.
Assim, teriam de abdicar de rotas e demitir funcionários.
Ao comentar o estudo, o diretor da Anac Marcelo Guaranys afirmou que o efeito obtido foi o oposto do pretendido pelo Snea. "O preço do combustível aqui vale para as brasileiras e para as estrangeiras, que são obrigadas a abastecer antes de seguir voo. Outros custos são compensados pela maior competitividade das brasileiras."


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