São Paulo, quarta-feira, 25 de outubro de 2006

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Vale fecha compra da Inco por US$ 13 bi

Mineradora passa a ser 2ª do ranking mundial após compra da canadense; aquisição é a maior já realizada por brasileira

Vale busca reduzir a sua dependência do minério de ferro com a aquisição da segunda maior mineradora de níquel do planeta


PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

A Vale do Rio Doce fechou ontem a compra do controle da mineradora canadense de níquel Inco por US$ 13,2 bilhões (R$ 28,4 bilhões). O negócio torna a mineradora brasileira a segunda maior do mundo, atrás da australiana BHP-Billiton.
A Vale adquiriu, em oferta pública na Bolsa de Toronto, 75,66% das ações da Inco. Os demais acionistas da companhia têm até 3 de novembro para vender à Vale seus papéis ao preço oferecido (86 dólares canadenses ou cerca de R$ 165), o que pode elevar o valor da aquisição para US$ 17,5 bilhões, se a aceitação for de 100%.
Analistas ouvidos pela Folha esperam que adesão seja quase total, já que o preço oferecido é superior ao de mercado. A aquisição concluída ontem pela Vale é a maior já realizada por uma empresa brasileira, segundo a consultoria KPMG.
A Inco é a segunda maior mineradora de níquel do mundo e tem as maiores reservas mundiais do metal -em forte alta no mercado internacional. Faturou US$ 4,7 bilhões nos nove primeiros meses de 2006. No ranking mundial das mineradoras, a empresa, proprietária de três minas no Canadá e uma na Indonésia, aparece em 12º.
O grande atrativo da oferta da Vale foi o fato de o pagamento aos acionistas ser todo em dinheiro. Assim, a brasileira desbancou as concorrentes Phelps Dodge (EUA) e Teck Cominco (Canadá), que entraram antes na disputa. A Teck chegou a apresentar proposta superior à da Vale, mas a maior parte da oferta era em ações.
Os executivos da Inco recomendavam aos acionistas a proposta da Teck. Só depois de mais de um mês do lançamento da oferta da Vale, em 11 de agosto, passaram a apoiá-la.
A reação do mercado, apesar de o crescimento da dívida da Vale com a aquisição ter acarretado o rebaixamento de sua avaliação de risco, foi positiva. "A conclusão do negócio foi muito boa para a companhia. Recomendamos a compra das ações da Vale", disse Cristiane Vianna, da corretora Ágora.
Os papéis ordinários da Vale subiram 4,6% ontem. Os preferenciais tiveram alta de 3,3%.
A Vale viu na Inco a oportunidade de diversificar sua atividades e concorrer mais de perto com outras mineradoras, passando a atuar no mercado de níquel, do qual a canadense detém 19% das vendas mundiais. A Vale tem hoje 74% da receita proveniente do minério de ferro. Com a Inco, irá a 56%.
Juntas, Vale e Inco terão um valor de mercado de US$ 77 bilhões de dólares, menor apenas que o da BHP-Billiton (R$ 135,3 bilhões). Antes da aquisição, a Vale era a quarta maior mineradora do mundo, atrás também da Rio Tinto (Reino Unido) e da Anglo American (Reino Unido-África do Sul).
"A combinação de Vale e Inco representa uma grande oportunidade para criação de valor e na criação de uma líder global na indústria de metais e mineração", disse Scott Hand, presidente da Inco, em comunicado. A direção da Vale disse que só irá se pronunciar sobre a aquisição hoje.
Além da dura negociação para convencer os gestores da Inco de que sua oferta era a melhor, a Vale teve de ceder ao governo do Canadá, que impôs condições para aprovar o negócio. A Vale se comprometeu a não demitir funcionários da Inco nos próximos três anos e a não reduzir o quadro de funcionários a menos de 85% do atual. Assegurou ainda que a sede dos negócios de níquel da companhia (batizada de CVRD Inco) ficará no Canadá, que irá gerir também os projetos em andamento no Brasil.
A Vale ainda não explora o metal no Brasil, mas investe no desenvolvimento de importantes minas como Vermelho (PA), Onça Puma (PA) e São João do Piauí (PI).
A empresa brasileira assumiu ainda o compromisso de manter os projetos da Inco que estão em curso. A mineradora canadense atua também na Indonésia e desenvolve um projeto de uma mina na Nova Caledônia (território francês no oceano Pacífico).


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