São Paulo, quarta-feira, 25 de outubro de 2006

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Vale tem empréstimo-ponte de US$ 34 bi

Endividamento sobe de 10% para 40% de seu valor de mercado, mas analistas crêem que empresa alongará prazo de pagamento

Financiamento de aquisição da canadense Inco envolveu 34 instituições financeiras, lideradas por Credit Suisse, UBS, ABN Amro e Santander


DA SUCURSAL DO RIO

Para concretizar a compra da Inco, a Vale do Rio Doce teve de recorrer a um empréstimo liderado por quatro grandes bancos europeus -Credit Suisse, UBS (ambos suíços), ABN Amro (Holanda) e Santander (Espanha)-, que colocaram à disposição da companhia US$ 34 bilhões.
A Vale não vai utilizar toda a linha de crédito. Estima que precisará de cerca de US$ 17,5 bilhões, no máximo, para fechar o negócio -os US$ 13,2 bilhões que terá de pagar já na quinta-feira pelos 75,66% de ações que adquiriu até ontem, além do que restante necessário para comprar os papéis remanescentes no mercado canadense até 3 de novembro.
O financiamento do "pool" de bancos -que envolveu 34 instituições- é do tipo "empréstimo-ponte", a ser substituído por outras fontes de financiamento em até, no máximo, dois anos, quando expira o prazo da operação.
A Vale já havia informado que não vai esperar vencer o "empréstimo-ponte" para buscar alternativas de financiamento. O objetivo da companhia é alongar o prazo de pagamento da dívida contraída para a aquisição da Inco de dois para sete a dez anos.

Dívida maior
Ao final do segundo trimestre, o endividamento total da Vale somava US$ 5,9 bilhões, cifra considerada baixa diante da robusta geração de caixa da empresa.
Segundo especialistas, a dívida da Vale representa hoje 10% de seu valor de mercado -o percentual passará para 45% com a nova dívida. Nesse nível, dizem, a empresa compromete parte significativa de sua geração de caixa.
Acredita-se no mercado, porém, que a empresa terá êxito no alongamento da dívida, o que irá retirar a pressão de curto prazo sobre sua geração de caixa. Cristiane Vianna, analista da corretora Ágora, diz que a empresa assumiu "uma dívida relevante". Tem, porém, "uma geração de caixa que a permite amortizar seus compromissos", afirma a analista. Ela também acredita no sucesso do alongamento do empréstimo.
Já Guilherme Marins, da corretora Ativa, afirma que o maior endividamento não se traduz em "risco" para a companhia, já que a empresa deve alongar o prazo de pagamento de suas obrigações. "A Vale terá um patamar de alavancagem saudável. Não acredito que a companhia encontrará dificuldades para alongar sua dívida."
(PEDRO SOARES)

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