São Paulo, quarta-feira, 25 de outubro de 2006

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Estatal não compraria Inco, dizem especialistas

DA SUCURSAL DO RIO

Se ainda fosse uma companhia estatal, a Vale do Rio Doce muito provavelmente não conseguiria adquirir a Inco, avaliam especialistas. Faltaria à companhia uma geração de caixa que suportasse uma aquisição de tal monta e uma avaliação de risco (hoje, grau de investimento) que permitisse alavancar o financiamento necessário para a operação.
Privatizada em 1997, a Vale tinha um faturamento de R$ 11 bilhões em 2001. A cifra passou para R$ 33,9 bilhões no ano passado. O lucro da companhia saltou de R$ 3,1 bilhões para R$ 10,9 bilhões.
Já os investimentos subiram de R$ 3,7 bilhões, quando deslanchou seu programa de investimentos pós-privatização, para R$ 10,1 bilhões em 2005. Tal incremento se refletiu na produção de minério de ferro, que aumentou de 134 milhões de toneladas em 2001 a 233 milhões de toneladas em 2005 -a expectativa é extrair 264 milhões de toneladas neste ano.
Para o analista Guilherme Marins, da corretora Ativa, os números mostram que a empresa "ganhou eficiência operacional desde a privatização", período no qual elevou sua produção mantendo o mesmo número de funcionários.
"Todos os indicadores melhoraram muito." Com isso, diz, a empresa elevou seu caixa e pode realizar aquisições. A geração da caixa da companhia (lucro antes de amortizações, depreciações e impostos) cresceu de R$ 5,1 bilhões em 2001 para R$ 16,7 bilhões em 2005.
Se ainda fosse estatal, avalia Marins, a empresa possivelmente não teria apresentado tal crescimento em razão da falta de agilidade na tomada de decisões em uma companhia controlada pelo governo.
Marins faz, porém, uma ressalva: tudo dependeria do tipo de gestão que fosse aplicado na Vale de 1997 para cá, caso a companhia continuasse estatal. "Se a companhia seguisse o modelo da Petrobras, cuja gestão se profissionalizou, talvez pudesse fechar um negócio como a compra da Inco."

Crítica de Lula
Durante a campanha do segundo turno, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem utilizado as privatizações, entre elas a da Vale, para criticar o rival Geraldo Alckmin (PSDB). Sua campanha tem tentado ligar a imagem do candidato tucano a supostas irregularidades nas vendas da Vale e da Telebras no governo Fernando Henrique Cardoso. "Onde está o dinheiro da Vale do Rio Doce?", afirmou o presidente, em discurso no começo do mês, na Bahia.
Na ocasião, o presidente da Vale, Roger Agnelli, reagiu às críticas. Para ele, as declarações revelam uma "posição partidária e ideológica". Segundo o executivo, a ex-estatal, o país e a sociedade só ganharam com a privatização. "A empresa jamais estaria na posição que está hoje se fosse estatal", disse.


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