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Estatal não compraria Inco, dizem especialistas
DA SUCURSAL DO RIO
Se ainda fosse uma companhia estatal, a Vale do Rio Doce
muito provavelmente não conseguiria adquirir a Inco, avaliam especialistas. Faltaria à
companhia uma geração de caixa que suportasse uma aquisição de tal monta e uma avaliação de risco (hoje, grau de investimento) que permitisse
alavancar o financiamento necessário para a operação.
Privatizada em 1997, a Vale
tinha um faturamento de R$ 11
bilhões em 2001. A cifra passou
para R$ 33,9 bilhões no ano
passado. O lucro da companhia
saltou de R$ 3,1 bilhões para
R$ 10,9 bilhões.
Já os investimentos subiram
de R$ 3,7 bilhões, quando deslanchou seu programa de investimentos pós-privatização,
para R$ 10,1 bilhões em 2005.
Tal incremento se refletiu na
produção de minério de ferro,
que aumentou de 134 milhões
de toneladas em 2001 a 233 milhões de toneladas em 2005 -a
expectativa é extrair 264 milhões de toneladas neste ano.
Para o analista Guilherme
Marins, da corretora Ativa, os
números mostram que a empresa "ganhou eficiência operacional desde a privatização",
período no qual elevou sua produção mantendo o mesmo número de funcionários.
"Todos os indicadores melhoraram muito." Com isso,
diz, a empresa elevou seu caixa
e pode realizar aquisições. A geração da caixa da companhia
(lucro antes de amortizações,
depreciações e impostos) cresceu de R$ 5,1 bilhões em 2001
para R$ 16,7 bilhões em 2005.
Se ainda fosse estatal, avalia
Marins, a empresa possivelmente não teria apresentado
tal crescimento em razão da
falta de agilidade na tomada de
decisões em uma companhia
controlada pelo governo.
Marins faz, porém, uma ressalva: tudo dependeria do tipo
de gestão que fosse aplicado na
Vale de 1997 para cá, caso a
companhia continuasse estatal. "Se a companhia seguisse o
modelo da Petrobras, cuja gestão se profissionalizou, talvez
pudesse fechar um negócio como a compra da Inco."
Crítica de Lula
Durante a campanha do segundo turno, o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva tem utilizado as privatizações, entre elas a
da Vale, para criticar o rival Geraldo Alckmin (PSDB). Sua
campanha tem tentado ligar a
imagem do candidato tucano a
supostas irregularidades nas
vendas da Vale e da Telebras no
governo Fernando Henrique
Cardoso. "Onde está o dinheiro
da Vale do Rio Doce?", afirmou
o presidente, em discurso no
começo do mês, na Bahia.
Na ocasião, o presidente da
Vale, Roger Agnelli, reagiu às
críticas. Para ele, as declarações
revelam uma "posição partidária e ideológica". Segundo o
executivo, a ex-estatal, o país e
a sociedade só ganharam com a
privatização. "A empresa jamais estaria na posição que está hoje se fosse estatal", disse.
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