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Agências de risco baixam nota da Vale
Mas mineradora brasileira mantém classificação de "grau de investimento", que aponta baixo risco aos investidores
Agências esperam que até 2008 dívida volte aos patamares históricos com sólida geração de caixa neste ano e em 2007
MARCELO BILLI
DA REPORTAGEM LOCAL
A aquisição da Inco obrigou a
Vale do Rio Doce a endividar-se, aumentando o que os analistas chamam de alavancagem financeira, o que fez com que
agências de classificação de risco americanas rebaixassem algumas notas atribuídas a papéis da empresa. Mesmo assim,
ela segue dentro do chamado
"grau de investimento".
A Fitch saiu na frente e logo
no início da tarde anunciou que
rebaixaria a nota para emissões
de longo prazo em moeda local
da Vale. A nota, de "BBB", passou a "BBB-". Outras três notas
atribuídas a emissões da empresa foram rebaixadas, mas a
nota para emissões em moeda
estrangeira foi mantida estável
pela agência.
A Standard & Poors também
anunciou rebaixamento, nesse
caso de BBB+ para BBB- -as
notas de diferentes agências
não são diretamente comparáveis. As notas atribuídas aos papéis da Vale continuam em observação e podem ser rebaixadas, dependendo da maneira
como a empresa levante os recursos necessários para pagar
pelas ações da Inco.
O principal motivo do rebaixamento foi justamente a necessidade de endividamento.
Quanto maior a dívida de uma
empresa em relação à geração
de caixa, maior o risco de ela
não pagá-la caso tenha problemas. A Fitch calcula que a relação entre dívida e a geração de
caixa da Vale subirá de 0,8 para
2. Ou seja, a dívida correspondia, no final do segundo trimestre, a 80% da geração de caixa e
passará a ser de 200%.
O rebaixamento não deve ter
impactos negativos para a Vale.
Ao contrário do início de setembro, quando a notícia de
que o negócio podia ser fechado
fez as ações da Vale caírem, ontem os preços dos papéis ordinários subiram 4,63%. Desde o
início do mês, as ações da empresa já acumulam alta de
15,1%.
O rebaixamento do rating, na
verdade, apenas reflete uma
mudança na estrutura de endividamento da empresa. Ainda
assim, as agências de classificação de risco dizem que esperam
que as dívidas da empresa voltem aos seus níveis históricos
até 2008. "Devido ao cenário
atual de preço alto dos metais e
à perspectiva favorável de curto
prazo, acreditamos que a Vale e
a Inco venham a gerar significativo fluxo de caixa no fim de
2006 e durante 2007", escrevem os analistas da Fitch.
A aquisição tem também
efeitos positivos para a empresa brasileira, que diversifica negócios, fica menos dependente
das vendas de minério de ferro
e diminui a sua concentração
de ativos no Brasil. Ou seja,
uma crise na economia brasileira a afetaria menos.
A Vale já não tem grande vulnerabilidade às oscilações do
mercado interno, já que é uma
empresa global, com receitas
em dólar e estrutura de endividamento de longo prazo. O rating da Vale, maior que o do governo brasileiro, mantém-na
no grupo seleto de empresas
com "grau de investimento", ou
seja, consideradas investimento de risco relativamente baixo
para os investidores.
"O perfil de negócio é sólido,
amparado por sua liderança e
excelente posição de custo no
negócio de minério de ferro, setor tipicamente mais concentrado e menos comoditizado do
que os de outros recursos minerais e produtos metálicos",
diz o relatório da Standard &
Poors.
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