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Gerdau lidera ranking das empresas mais internacionalizadas
Estudo, que não leva em conta compra da Inco pela Vale, considera receitas de exportações e funcionários no exterior
Mineradora aparece em 3º lugar em levantamento da Fundação Dom Cabral;
analistas vêem nível baixo de investimento no exterior
MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Mesmo antes da compra da
canadense Inco, a Vale já aparecia como a terceira empresa
brasileira mais internacionalizada em ranking elaborado pela Fundação Dom Cabral e
apresentado ontem na Universidade de Columbia, nos EUA.
Em primeiro lugar na lista,
está a siderúrgica Gerdau, seguida pela construtora Norberto Odebrecht. A Fundação, cujo
estudo deverá fazer parte de
um ranking da universidade
americana sobre a internacionalização de empresas de países emergentes, informou que
não conseguiu localizar seus
pesquisadores para saber se haverá mudanças por conta do
negócio anunciado ontem.
É a primeira vez em que é
realizado um estudo mais aprofundado sobre o grau de internacionalização de companhias
brasileiras. O ranking leva em
conta sete categorias diferentes
de internacionalização (entre
os quais, receitas de exportações, valor dos ativos no exterior, número de empregados
fora do país e número de regiões do mundo onde a empresa está presente). Um levantamento da Unctad (Conferência
das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento)
trabalha com só três variáveis.
De 24 empresas que responderam ao questionário e que
compõe o ranking -foram procuradas 50 brasileiras que fazem investimentos no exterior-, a maior parte é formada
por siderúrgicas, mineradoras,
empresas de alimentos, papel e
celulose e construtoras.
São segmentos em que o Brasil tem claras vantagens competitivas. "Somos competitivos
nas áreas de gestão industrial,
engenharia aplicada e agronegócios", afirma Álvaro Cyrino,
professor e pesquisador do
centro de internacionalização
da Fundação Dom Cabral.
Ele destaca que a maioria das
empresas do ranking é voltada
para vendas para outras. A imagem do Brasil entre os consumidores no exterior, afirma, é
inexistente. "Uma das condições para ter sucesso é possuir
marcas globais de consumo para as pessoas. Mas isso é caro e
demorado para desenvolver.
Nossa imagem, não obstante os
esforços do Ministério do Desenvolvimento, ainda é associada a café, erotismo e futebol", analisa.
No índice montado a partir
das sete diferentes categorias
de internacionalização, que vai
de zero a sete, a Gerdau aparece
com 4,2. A Vale tem um grau de
internacionalização de 3,5, a
Odebrecht, de 3,6, e a Petrobras, que aparece em quarto lugar no ranking, de 3,4.
"É quase inevitável que essas
empresas se expandam para
outros países. Se, para manter a
competitividade, têm que se
instalar em outras regiões do
mundo, o farão", diz Cyrino.
Marcha lenta
De forma geral, as empresas
brasileiras são pouco internacionalizadas, apesar do aumento dos investimentos no exterior dos anos 90, quando houve
a abertura comercial, para cá.
Para ter uma idéia, no ranking das cem empresas mais internacionalizadas de países
emergentes da Unctad, há apenas três brasileiras. "O ritmo
das brasileiras poderia ser
maior. O que observamos é que
parece haver uma relação entre
a concentração interna e a internacionalização. Empresas
muito mais concentradas em
nível nacional, quando tentam
expandir seus negócios e não
conseguem fazê-lo em seu país,
buscam outros mercados", diz
Alexander Xavier, economista-chefe da Sobeet (Sociedade
Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da
Globalização Econômica).
Ele lembra que o mercado
doméstico brasileiro é muito
atrativo. "Isso ajuda a explicar
por que não há uma expansão
maior. Além disso, no Brasil as
empresas direcionam menos
recursos, em relação a outros
emergentes, como a China, a
investimentos produtivos."
Segundo Cyrino, apenas 30
companhias brasileiras vêm fazendo investimentos mais concretos fora do país. "É preciso
acelerar esse processo, pois são
vários os benefícios da internacionalização. A empresa passa a
ter maior capacidade de crescimento e de pesquisa."
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