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Taxa de juros menor para aposentados é criticada por bancos
Associação dos bancos alerta de que estratégia do governo de reduzir taxa no consignado gera retração na oferta de crédito
Conselho de Previdência baixa de 2,86% ao mês para 2,78% o valor máximo dos juros nos empréstimos com desconto em folha
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Duas entidades representativas dos bancos alertaram ontem para o fato de que a estratégia do governo de reduzir o teto
dos juros cobrados nos empréstimos consignados a inativos
vem provocando retração na
oferta de crédito ao setor.
Na avaliação da Associação
Brasileira dos Bancos, cerca de
metade dos empréstimos contraídos no mês passado se destinava a quitar operações com
juros mais altos.
O alerta foi feito durante a
reunião do CNPS (Conselho
Nacional de Previdência Social). O plenário do conselho
baixou de 2,86% ao mês para
2,78% o valor máximo dos juros
nos empréstimos com desconto em folha de pagamento dos
aposentados e pensionistas do
INSS. Foi o terceiro corte neste
ano, na esteira das reduções da
taxa Selic determinadas pelo
Copom, do Banco Central.
"A redução dos juros tem até
um valor benéfico para os aposentados, porque torna a operação mais barata, mas é um benefício artificial porque pode
constranger a oferta de crédito", explicou Renato Oliva, presidente da associação. Com taxas menores, os bancos ganhariam menos e se sentiriam desmotivados a emprestar.
A Febraban (Federação Brasileira dos Bancos), única entidade ligada às instituições financeiras com direito a voto no
CNPS, apresentou posição contrária à redução dos juros. Mas
foi mais contida ao comentar a
possibilidade de os cortes reduzirem a oferta de crédito aos
aposentados e pensionistas.
"Não diria que o corte nos juros
vai diminuir a oferta de crédito,
mas não vai aumentar. O atrativo será bem menor [para os
bancos]. Os bancos é que dirão
se vão continuar ou não nesse
mercado", disse Jorge Higashino, em nome da Febraban.
Segundo os bancos, os aposentados que tomaram empréstimo consignado a taxas
maiores há três meses, por
exemplo, fazem agora novas
operações com os juros menores. O problema é que, para
aproveitar juros ainda menores, muitos inativos migram
para parcelamentos mais longos e de valores maiores.
O governo tem posição mais
cautelosa, apostando no barateamento das operações de crédito como atrativo para os aposentados e pensionistas. Se
houve erro na dose do corte, a
taxa pode ser elevada em alguns meses, na avaliação do secretário-executivo do Ministério da Previdência, Carlos
Eduardo Gabas, que ontem
presidiu a reunião do conselho.
"O comportamento hoje dos
aposentados em relação aos
empréstimos não justifica não
transferir o corte da Selic, até
porque outras taxas também
estão caindo", afirmou.
Outra crítica dos bancos diz
respeito ao método de cálculo
do corte. O CNPS optou, pela
terceira vez, por dividir por 12
meses o corte recebido pela Selic e subtrair o resultado do índice dos aposentados.
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