LUCIANA COELHO
DA FOLHA ONLINE

Os membros do conselho de administração da holding da Varig, a FRB-Par, decidiram ontem renunciar coletivamente a seus postos em repúdio à decisão da Fundação Rubem Berta, dona da companhia, de rejeitar o acordo com os credores. A decisão criará um impasse na renegociação da dívida da Varig, hoje em cerca de US$ 900 milhões.
A Folha apurou ainda que o presidente do conselho, Arnim Lore, não tomará o passo para deixar a administração da Varig. Segundo o mercado, o executivo pretende esperar ser demitido pelo conselho da companhia aérea Varig, formado por membros antigos, como representantes dos funcionários.
A holding foi criada em 2000 para administrar os investimentos da Fundação Rubem Berta, que tem 84% da Varig.
Desde que assumiu o comando da Varig, Lore busca um acordo com os credores e uma injeção de US$ 500 milhões do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
A decisão do conselho da holding foi tomada ontem durante reunião em São Paulo. Além de Lore, estão no conselho Luiz Spinola (vice-presidente), o ex-ministro Clóvis Carvalho (Casa Civil), o representante dos pilotos Joaquim Fernandes dos Santos e José Roberto Mendonça de Barros, ex-secretário da Camex (Câmara de Comércio Exterior).
O memorando de entendimento com os credores, proposto pelo conselho administrativo e aprovado pelo BNDES, fora acertado havia um mês e propunha a suspensão do pagamento de US$ 118 milhões em dívidas que venceram entre julho e outubro. Essas dívidas seriam renegociadas no mês que vem.
A fundação rejeitou o memorando na sexta sob a alegação de desconhecer detalhes como o cronograma de pagamentos da dívida e de ingresso de recursos novos, além de questionar o privilégio de alguns credores em detrimento de outros e a falta de garantia do BNDES para a liberação de recursos para a empresa.
Lore substituiu Ozires Silva, que colocou seu cargo à disposição em agosto exatamente para facilitar as negociações com os credores e o BNDES. Os membros do conselho também foram escolhidos em linha com as exigências do comitê de credores e do BNDES para dar andamento às negociações do projeto de recapitalização da Varig.