São Paulo, segunda-feira, 25 de novembro de 2002

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EM TRANSE

BC deve encerrar oferta à exportação após irrigar mercado com US$ 1,5 bi

Leilão de linha de crédito pode acabar

DA FOLHA ONLINE

Depois de propor em agosto a irrigação do mercado com US$ 2 bilhões em linhas de crédito destinadas exclusivamente para o financiamento de exportações, o Banco Central deve cessar a oferta sem atingir a proposta inicial.
"A posição do BC é que o mercado está atendido", afirmou Miguel Varga, da assessoria do banco. Há mais de um mês que o BC não promove os leilões. A autoridade monetária diz, porém, que continua a consultar o mercado sobre a demanda por linhas e que a operação pode ser retomada.
De 23 de agosto a 18 de outubro, o BC leiloou em linhas de exportação US$ 1,484 bilhão, segundo o banco. Faltariam mais US$ 516 milhões. Em dezembro, serão devolvidos ao BC US$ 650 milhões leiloados nos últimos meses.
"Se US$ 2 bilhões já eram insuficientes, US$ 1,5 bilhão é pior ainda", disse José Augusto de Castro, diretor da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil).
Para ele, embora a demanda por linhas de financiamento no fim de ano seja menor (as exportações em janeiro e fevereiro são mais fracas), ela ainda supera a oferta.
Principalmente para as exportadoras de manufaturados, já que, segundo ele, a melhora na balança comercial brasileira se reflete muito mais no setor de commodities (produtos primários).
"As linhas continuam afuniladas, embora comecem a esboçar, timidamente, uma futura melhora", afirmou Castro. "O que as empresas têm feito é captar recursos no mercado interno, o que sai muito mais caro, ou usar seus próprios recursos, aproveitando o que ganharam com a alta do dólar. Tudo para manter o cliente, que hoje em dia é raríssimo."

Falta de crédito
O problema com as linhas externas começou no segundo trimestre. Com o mercado dos EUA abalado pela crise de confiança proveniente da onda de fraudes corporativas e as eleições presidenciais no Brasil à vista, as linhas se afunilaram e ficou quase impossível às empresas brasileiras rolarem as dívidas. Os exportadores, que tomavam dólares emprestados para financiar suas operações, também se viram sem saída.
No auge dessa crise, em agosto, o BC surgiu com a proposta de ofertar as linhas aos bancos que trabalhavam com exportações. As linhas tinham prazo mínimo de 90 dias e máximo de 185, e, ao fim dos contratos, os bancos tinham que devolver os dólares ao BC.
(LUCIANA COELHO)


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