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EM TRANSE
BC deve encerrar oferta à exportação após irrigar mercado com US$ 1,5 bi
Leilão de linha de crédito pode acabar
DA FOLHA ONLINE
Depois de propor em agosto a
irrigação do mercado com US$ 2
bilhões em linhas de crédito destinadas exclusivamente para o financiamento de exportações, o
Banco Central deve cessar a oferta
sem atingir a proposta inicial.
"A posição do BC é que o mercado está atendido", afirmou Miguel Varga, da assessoria do banco. Há mais de um mês que o BC
não promove os leilões. A autoridade monetária diz, porém, que
continua a consultar o mercado
sobre a demanda por linhas e que
a operação pode ser retomada.
De 23 de agosto a 18 de outubro,
o BC leiloou em linhas de exportação US$ 1,484 bilhão, segundo o
banco. Faltariam mais US$ 516
milhões. Em dezembro, serão devolvidos ao BC US$ 650 milhões
leiloados nos últimos meses.
"Se US$ 2 bilhões já eram insuficientes, US$ 1,5 bilhão é pior ainda", disse José Augusto de Castro,
diretor da AEB (Associação de
Comércio Exterior do Brasil).
Para ele, embora a demanda por
linhas de financiamento no fim de
ano seja menor (as exportações
em janeiro e fevereiro são mais
fracas), ela ainda supera a oferta.
Principalmente para as exportadoras de manufaturados, já que,
segundo ele, a melhora na balança
comercial brasileira se reflete
muito mais no setor de commodities (produtos primários).
"As linhas continuam afuniladas, embora comecem a esboçar,
timidamente, uma futura melhora", afirmou Castro. "O que as
empresas têm feito é captar recursos no mercado interno, o que sai
muito mais caro, ou usar seus
próprios recursos, aproveitando
o que ganharam com a alta do dólar. Tudo para manter o cliente,
que hoje em dia é raríssimo."
Falta de crédito
O problema com as linhas externas começou no segundo trimestre. Com o mercado dos EUA abalado pela crise de confiança proveniente da onda de fraudes corporativas e as eleições presidenciais no Brasil à vista, as linhas se
afunilaram e ficou quase impossível às empresas brasileiras rolarem as dívidas. Os exportadores,
que tomavam dólares emprestados para financiar suas operações, também se viram sem saída.
No auge dessa crise, em agosto,
o BC surgiu com a proposta de
ofertar as linhas aos bancos que
trabalhavam com exportações. As
linhas tinham prazo mínimo de
90 dias e máximo de 185, e, ao fim
dos contratos, os bancos tinham
que devolver os dólares ao BC.
(LUCIANA COELHO)
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