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São Paulo, domingo, 26 de janeiro de 2003

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ENERGIA

Empresa perde 90% dos funcionários de primeiro escalão em uma semana devido a plano de demissão voluntária

Programa do governo FHC esvazia Furnas

GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.

Há menos de dez dias no cargo, o novo presidente de Furnas, José Pedro Rodrigues, sofreu, na semana passada, a perda, de uma só vez, de 29 superintendentes da empresa.
O time de pesos pesados corresponde a 90% dos cargos do primeiro escalão de Furnas.
"Será uma perda importante num momento como este, em que estamos reconstruindo o setor elétrico brasileiro", afirmou Rodrigues.
A saída dos 29 funcionários do primeiro time da empresa estatal de uma só vez ainda é resquício do programa de demissões incentivadas iniciado há três anos pelo governo de Fernando Henrique Cardoso. O objetivo do programa era o de preparar Furnas para a privatização.
A idéia era dividir a empresa em duas: uma de transmissão e outra de geração, para facilitar a venda de Furnas.
"Nós estamos sofrendo o efeito de uma medida tomada há tempos, quando só se falava em privatizar a empresa", afirmou Rodrigues. A privatização de Furnas foi suspensa ainda no governo FHC.
Ao todo, foram 968 funcionários que deixaram a empresa nos últimos três anos. Só em 2002 Furnas perdeu 522 funcionários. Na cúpula da empresa, no entanto, a enxurrada ocorreu mesmo na semana passada, quando saíram os 29 funcionários subordinados diretamente à diretoria.

Substituições
José Pedro Rodrigues disse que, normalmente, quando as grandes empresas promovem programas de demissões incentivadas, elas fazem, ao mesmo tempo, outros programas de substituição de lideranças. O objetivo é o de evitar essas saídas em massa na cabeça da empresa ao mesmo tempo. Em Furnas, Rodrigues disse que não houve uma preocupação de substituição de lideranças na cúpula da empresa.
O presidente de Furnas afirmou ainda que sofreu uma certa pressão para a recontratação dos superintendentes que se aposentaram na semana passada para que a empresa não ficasse tão desfalcada. A idéia chegou a ser discutida, mas Rodrigues descartou essa possibilidade.
"Vamos aceitar as regras do jogo do programa de demissão e não vamos recontratar ninguém", afirmou Rodrigues.
Depois de alguns dias de discussão interna, Rodrigues decidiu optar pela promoção de 29 funcionários do segundo escalão de Furnas para o primeiro.
"São pessoas competentes, com 10 a 15 anos de experiência em Furnas, que vão saber tocar a empresa", disse Rodrigues.

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