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ENERGIA
Empresa perde 90% dos funcionários de primeiro escalão em uma semana devido a plano de demissão voluntária
Programa do governo FHC esvazia Furnas
GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.
Há menos de dez dias no cargo,
o novo presidente de Furnas, José
Pedro Rodrigues, sofreu, na semana passada, a perda, de uma só
vez, de 29 superintendentes da
empresa.
O time de pesos pesados corresponde a 90% dos cargos do primeiro escalão de Furnas.
"Será uma perda importante
num momento como este, em
que estamos reconstruindo o setor elétrico brasileiro", afirmou
Rodrigues.
A saída dos 29 funcionários do
primeiro time da empresa estatal
de uma só vez ainda é resquício
do programa de demissões incentivadas iniciado há três anos pelo
governo de Fernando Henrique
Cardoso. O objetivo do programa
era o de preparar Furnas para a
privatização.
A idéia era dividir a empresa em
duas: uma de transmissão e outra
de geração, para facilitar a venda
de Furnas.
"Nós estamos sofrendo o efeito
de uma medida tomada há tempos, quando só se falava em privatizar a empresa", afirmou Rodrigues. A privatização de Furnas foi
suspensa ainda no governo FHC.
Ao todo, foram 968 funcionários que deixaram a empresa nos
últimos três anos. Só em 2002
Furnas perdeu 522 funcionários.
Na cúpula da empresa, no entanto, a enxurrada ocorreu mesmo
na semana passada, quando saíram os 29 funcionários subordinados diretamente à diretoria.
Substituições
José Pedro Rodrigues disse que,
normalmente, quando as grandes
empresas promovem programas
de demissões incentivadas, elas
fazem, ao mesmo tempo, outros
programas de substituição de lideranças. O objetivo é o de evitar
essas saídas em massa na cabeça
da empresa ao mesmo tempo. Em
Furnas, Rodrigues disse que não
houve uma preocupação de substituição de lideranças na cúpula
da empresa.
O presidente de Furnas afirmou
ainda que sofreu uma certa pressão para a recontratação dos superintendentes que se aposentaram na semana passada para que
a empresa não ficasse tão desfalcada. A idéia chegou a ser discutida, mas Rodrigues descartou essa
possibilidade.
"Vamos aceitar as regras do jogo do programa de demissão e
não vamos recontratar ninguém",
afirmou Rodrigues.
Depois de alguns dias de discussão interna, Rodrigues decidiu
optar pela promoção de 29 funcionários do segundo escalão de
Furnas para o primeiro.
"São pessoas competentes, com
10 a 15 anos de experiência em
Furnas, que vão saber tocar a empresa", disse Rodrigues.
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