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MERCADO TENSO
A partir de hoje bancos poderão tomar empréstimos maiores em dólares; CMN aprova unificação cambial
Governo tenta tirar pressão do câmbio
da Sucursal de Brasília
O Banco Central baixou medida ontem para
tentar ampliar a
oferta de dólares
no mercado e,
assim, atenuar
as pressões que
nos últimos dias têm levado o real
a sofrer desvalorizações excessivas. A partir de hoje, os bancos poderão tomar empréstimos 50%
maiores em dólares.
Outra norma, aprovada ontem
pelo CMN (Conselho Monetário
Nacional), unifica os mercados
flutuante e livre do dólar que, a
partir da próxima segunda-feira,
terão apenas uma cotação.
O Departamento Econômico do
BC calcula que o limite global de
endividamento dos bancos em dólares vá subir de US$ 2,3 bilhões
para US$ 3,5 bilhões.
Teoricamente, caso todos os
bancos usem o novo limite, a oferta de dólares no mercado pode aumentar em US$ 1,2 bilhão.
Pelas regras vigentes, os bancos
estão autorizados a tomar empréstimos em dólar no exterior para
atender às necessidades de seus
clientes que querem comprar a
moeda norte-americana.
A soma desses empréstimos é limitada pelo BC, para evitar que os
bancos assumam dívidas excessivas em dólares e sofram grandes
prejuízos, caso ocorram fortes oscilações da cotação.
Bancos pequenos, com patrimônio líquido de até US$ 25 milhões,
podiam levantar empréstimos de
até US$ 5,650 milhões. Agora, podem tomar emprestado até US$
8,475 milhões.
Os limites crescem de acordo
com o tamanho dos bancos. As
maiores instituições, com patrimônio acima de US$ 100 milhões,
poderão captar até US$ 33,750 milhões, contra US$ 22,500 milhões
no limite antigo.
A ampliação da oferta de dólares
pode atenuar a pressão para desvalorizar o real, evitando que o BC
seja obrigado a suprir o mercado
com moeda de suas reservas. O
real está se desvalorizando porque
há maior procura por dólares do
que oferta.
²
Unificação
A unificação da cotação do câmbio é um primeiro passo para o fim
de um sistema duplo, formado pelos mercados livre e flutuante.
No mercado de taxas livres são
fechadas operações de comércio
exterior (importações e exportações) e financeiras (captações e
empréstimos no exterior, investimentos de estrangeiros na Bolsa,
fundos ou Bolsas etc.).
O flutuante permite a entrada e a
saída de dólar sem relação comercial ou financeira. Por ele, pessoas,
empresas ou bancos podem enviar
dólares para o exterior livremente,
usando as chamadas contas CC-5,
mantidas por residentes no exterior ou empresas com presença fora do país. O flutuante também
opera com dólar para turistas.
Com a unificação, os dólares que
entram no mercado flutuante poderão suprir as necessidades do
mercado livre, e vice-versa -o
que era proibido. Isso permitirá,
por exemplo, atenuar as pressões
ocorridas nos últimos dias na cotação do mercado livre.
Formalmente, entretanto, o sistema duplo continua a existir, pois
os bancos continuarão obrigados a
manter registros separados sobre
as operações do flutuante e livre.
A unificação das taxas de câmbio, na prática, vai dar sobrevida
ao mercado flutuante e, assim, garantir o livre fluxo de capitais.
A cotação do dólar no mercado
flutuante tendia a disparar, devido
à livre flutuação do câmbio.
O mercado flutuante sempre foi
deficitário, pois suas saídas sempre foram maiores que as entradas.
A cotação só não disparava porque
o BC comprava dólar no mercado
livre para vender no flutuante.
Com a adoção do sistema de livre
flutuação do câmbio, o BC passou
a intervir menos no mercado. Assim, a tendência era que houvesse
falta de moeda no flutuante e a cotação disparasse.
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