São Paulo, terça, 26 de janeiro de 1999

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ESPECULAÇÕES
Porta-voz diz que rumor preocupa FHC
Presidente descarta a centralização

da Sucursal de Brasília


O presidente Fernando Henrique Cardoso "lamenta que se dê curso à especulação de centralização de câmbio", afirmou ontem o porta-voz da Presidência, Sergio Amaral.
"Se fosse para centralizar o câmbio, não seria necessária a desvalorização cambial. Se houve essa desvalorização foi justamente para evitar a centralização do câmbio. Esses rumores não têm fundamento nos fatos", disse Amaral.
A Folha defendeu a centralização do câmbio em editorial no domingo.
Segundo o porta-voz, "falar e dar curso a essa especulação significa unicamente criar uma fonte de inquietação sobre a economia, que não encontra base nos fatos e, ao que se sabe, não tem base tampouco numa análise mais acurada do cronograma de pagamento e de entradas previstas de recursos ao longo deste ano".
O presidente, de acordo com Amaral, está preocupado com o crescimento da idéia. "O melhor para o país (no momento) é a flutuação do câmbio justamente para evitar uma centralização, que seria altamente prejudicial para o país", afirmou o porta-voz.
Segundo o porta-voz, a decisão de deixar flutuar o câmbio foi tomada para evitar um esgotamento das reservas que obrigasse o governo a adotar medidas como a centralização. "Não tem razão de ser falar em centralização de câmbio quando o país tem US$ 36 bilhões em reservas", completou.
Amaral disse que, se a desvalorização do real ficar em 30%, como o governo espera, a projeção da inflação anual para este ano é de 7%.
O secretário do Tesouro Nacional, Eduardo Augusto Guimarães, disse ontem, no Rio, que "não há a menor hipótese de centralização do câmbio" por parte do governo.
Ele afirmou que não existe também "nenhuma possibilidade" de o governo decretar uma "moratória técnica" para refazer o estrago nas suas contas provocado pela desvalorização do real em relação ao dólar norte-americano.
O secretário não quis fazer uma projeção do aumento da dívida interna provocado pela desvalorização, dizendo que isso não pode ser feito enquanto não se souber em quanto ficará essa desvalorização.
Guimarães limitou-se a informar que a parcela da dívida do Tesouro indexada ao dólar é de R$ 25 bilhões e que, somada à do Banco Central , ela chega a R$ 60 bilhões.



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