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Yuan derruba mercados da Ásia
MARCIO AITH
enviado especial a Seul
Os mercados asiáticos despencaram ontem depois de um jornal
oficial chinês defender que a desvalorização do yuan, a moeda do
país, "não seria uma má idéia".
Para o "China Daily Business
Weekly", "como os mercados financeiros reagiram positivamente
depois que o governo brasileiro
deixou sua moeda flutuar, analistas dizem que a desvalorização ou
a flutuação do renminbi (como a
moeda também é chamada) definitivamente não seriam má idéia".
O primeiro-ministro chinês, Zhu
Rongji, voltou ontem a negar que o
país esteja estudando mexer no
câmbio. "O governo chinês vai
continuar aderindo a uma política
de não desvalorizar o renminbi."
Apesar disso, a afirmação do jornal oficial provocou uma fuga de
recursos dos mercados de ações da
região à exceção do japonês, que
fechou com ligeira alta de 0,4%.
As Bolsas de Cingapura, Indonésia e Filipinas caíram mais de 5%
(5,5%, 5% e 5,4%, respectivamente). A da Tailândia, 3,4%. Em Taiwan, a queda foi de 3,1%. Em Hong
Kong, 2,5%; na Coréia do Sul, 2%.
Na Europa, a maioria das Bolsas
teve altas ou baixas mínimas, depois de um dia instável. Em Frankfurt, a baixa foi de 0,39%, e em Milão, de 0,25%. Subiram as Bolsas de
Londres, com 0,33%, Madrid,
0,56%, e Paris, 0,78%.
Cresce no mercado o sentimento
de que o governo chinês está realmente planejando desvalorizar sua
moeda. Os jornais oficiais costumam refletir a opinião do governo
ou, em assuntos econômicos, têm
sido usados para lançar idéias.
China, Hong Kong e Argentina
são três das mais importantes economias a ainda manter regimes
cambiais fixos diante do dólar. O
colapso do real fragilizou a confiança nos três, mas é o futuro da
China que mais preocupa.
Pelo tamanho da economia chinesa e por sua ligação com Hong
Kong, a decisão que o governo chinês tomar deve afetar o crescimento global e o ritmo de recuperação
dos países afetados pela crise.
Na última vez em que o yuan desvalorizou-se, em 1994, as balanças
comerciais dos demais países da
Ásia entraram em déficit. Alguns
identificam esse como o início da
crise que atingiu a região em 1997.
O temor do mercado está alterando análises feitas em 1998. Um
exemplo é o significado, para os
investidores, das enormes reservas
chinesas -de US$ 140 bilhões.
Antes, eram vistas como um sinal
de que o país não corre o risco de
entrar numa crise cambial. Agora,
muitos as vêem como um instrumento para que a China desvalorize de forma controlada, ao contrário do Brasil.
Mas poucos prevêem uma desvalorização ainda neste ano. Ontem,
nos contratos futuros, investidores
apostavam numa baixa do yuan
nos primeiros meses de 2000.
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