São Paulo, Sexta-feira, 26 de Fevereiro de 1999
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Recessão vai definir fôlego dos reajustes

GABRIEL J. DE CARVALHO
da Redação

A divulgação do IGP-M de 3,61% certamente vai causar estrago nas expectativas de inflação, com reflexo perigoso na percepção de muita gente de que as taxas reais de juros ficaram negativas.
Ainda é cedo, entretanto, para dizer que é inevitável o reencontro da economia do país com a inflação resistente do passado.
Por enquanto, devido à alta exagerada do dólar -o chamado "overshooting"-, alguns preços, principalmente de commodities agrícolas como trigo e café, estão subindo algo como 40%, e o impacto em índices como o IGP-M é enorme. Mas isso é diferente de processo inflacionário crônico -embora esse risco exista.
A decomposição do IGP-M mostra forte discrepância entre seus componentes: 5,82% para preços no atacado (IPA), 0,97% para preços ao consumidor (IPC) e 0,62% para custo da construção.
É óbvio que os preços no atacado sentem mais, e mais rapidamente, o impacto do dólar, o que explica a maior "lentidão" da alta em índices de varejo, como o IPC da Fipe. Mas deve-se lembrar que o peso do IPA no índice geral é maior (60%) e que as informações colhidas por esse indicador são sobre preços informados por empresas, e não necessariamente praticados no mercado. Eles podem recuar.
É difícil medir o peso que a recessão exercerá como pressão contrária ao repasse de reajustes. Empresas raramente têm um preço único para todos os clientes, comenta um experiente economista que lida com pesquisas de preços.
É precipitado, portanto, avalia ele, disparar uma grita geral pela reindexação dos salários, por exemplo, em cima do IGP.


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