|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Recessão vai definir fôlego dos reajustes
GABRIEL J. DE CARVALHO
da Redação
A divulgação do IGP-M de 3,61%
certamente vai causar estrago nas
expectativas de inflação, com reflexo perigoso na percepção de muita
gente de que as taxas reais de juros
ficaram negativas.
Ainda é cedo, entretanto, para
dizer que é inevitável o reencontro
da economia do país com a inflação resistente do passado.
Por enquanto, devido à alta exagerada do dólar -o chamado
"overshooting"-, alguns preços,
principalmente de commodities
agrícolas como trigo e café, estão
subindo algo como 40%, e o impacto em índices como o IGP-M é
enorme. Mas isso é diferente de
processo inflacionário crônico
-embora esse risco exista.
A decomposição do IGP-M mostra forte discrepância entre seus
componentes: 5,82% para preços
no atacado (IPA), 0,97% para preços ao consumidor (IPC) e 0,62%
para custo da construção.
É óbvio que os preços no atacado
sentem mais, e mais rapidamente,
o impacto do dólar, o que explica a
maior "lentidão" da alta em índices de varejo, como o IPC da Fipe.
Mas deve-se lembrar que o peso do
IPA no índice geral é maior (60%)
e que as informações colhidas por
esse indicador são sobre preços informados por empresas, e não necessariamente praticados no mercado. Eles podem recuar.
É difícil medir o peso que a recessão exercerá como pressão contrária ao repasse de reajustes. Empresas raramente têm um preço único
para todos os clientes, comenta um
experiente economista que lida
com pesquisas de preços.
É precipitado, portanto, avalia
ele, disparar uma grita geral pela
reindexação dos salários, por
exemplo, em cima do IGP.
Texto Anterior: Índice da Fipe alcança 1,29% em SP Próximo Texto: Heron critica estimativas Índice
|